A flor vermelha.
Muita chuva além da janela.
Como não lembrar?
Não tem como esquecer!
Lembrar-me da recente morte da flor vermelha,
Que resgatei do chão,
No caminho da previsível corrida,
De ontem de manhã.
Flor pisada!
Rosa encharcada!
Tanta água para minúscula criatura,
Abandonada em tão breve vida!
Paixão, amor, desejo e destruição.
Ingredientes regados a vinho tinto por uma flor vermelha,
Arrancada de sua próspera terra,
Para testemunhar o esperado possível,
Que virou o impossível,
Como a chegada de um tremor.
Pobre flor!
Encheu-se de uma felicidade enganosa,
Mas morreu tão desfigurada,
No trincado copo esquecido da minha cozinha!
Olho novamente a intensa chuva pela janela,
Mas não esqueço da pobre rosa vermelha.
Enterrada, agora a pouco, no encharcado lixo orgânico,
Que havia sobre a minha pia.
Preciso voltar a correr
Por amor, paixão e desejo,
Mas sem imprevisível destruição.
Testemunha já não quero ser.
Sentença que acabo de receber,
Logo após desfazer-me do outro lixo.
Daquele trincado copo da cozinha.
Resta-me senão ignorar as chuvas que me paralisam
Para a corrida voltar.
Meu coração certamente irá bater,
Caso outra rosa achar
E dela, com falsa esperança, cuidar
De irrecuperável dor que não fiz.
Brasília, 5 de outubro de 2017 às 20:54
A flor vermelha. Poema de Bomani Flávio.
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Cada vez mais surpreendente a evolução desse autor. Parece brincar com as palavras. Leva o leitor a viajar pelo infinito. Parabéns!!!!