Somos cofre, somos amor.
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez:
Para onde eu vou, não podeis vós vir. João 8:21
Ninguém nota o cofre.
Lugar escondido aonde eu vou.
Liame tão tênue que ninguém percebe.
Mas, para lá, quase sempre eu vou.
Aliás, todo mundo tem um cofre,
Para guardar a dor.
Se não for para guardar a dor,
Resplandecerá intensamente o amor,
Berço do fervor.
E nisso está a essência da vida,
Que é o amor.
Mas tudo pode virar um cofre,
Que vai guardar, tão intensamente, a dor.
Chama que no cofre não tem pudor.
Pior é que tudo na vida tem intensidade.
Intensidade no amor.
Intensidade na dor.
Mas se o amor crescer como incêndio será um santo.
Agora o ódio espalhar-se como fogo será um capetinha,
Que habita na dor.
Logo, não se deve demorar no cofre.
Conviver com coisas do dia de ontem,
De todos os anos,
Até mesmo desde que se nasce,
Pode virar uma casa,
Que tem a porta de entrada,
Mas não tem a de saída.
Quanto mais demorar no cofre,
Mais a criatura das máscaras.
Tudo por causa da mentira, da raiva.
Talvez do ódio, medo ou rancor.
Infelizmente, o cofre fica à venda na beira de estrada,
Para seduzir os olhos de todos os dias.
Mas tudo poderia ser evitado,
Se eu virasse um livro aberto,
Vinte e quatro horas por dia.
Entretanto, tenho nome e sobrenome.
Eis o meu tormento de todos os dias.
Brasília, 16 de janeiro de 2019.
Somos cofre e somos amor. Poema de Bomani Flávio.
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