Carregando a catedral de Brasília.
Carregando a catedral de Brasília.
Sobre minhas pequenas costas,
Estou carregando a catedral de Brasília.
Se não carregou nenhuma,
Que não venha com zombaria.
O suor vem,
O frio vem,
A tremedeira vem.
Não me importo com a tonelada de peso,
Nem com tamanha zombaria.
Aliás, a pior gozação é entregar-se ao medo,
Sem expor-se a ninguém.
Alucinações,
Vozes,
Medo de dormir.
O pavor extravasa a sacola de mercado,
De quem se fecha todos os dias.
E nisto repilo agora como ninguém.
Sobre minha dolorida costa,
Estou carregando a igreja de Brasília.
Carregar a catedral de Brasília é encontrar-se consigo,
Na terra de ninguém.
É saber andar sozinho consigo,
Sem reclamar que não tem amigo nem alguém.
É melhor levar a estrutura de engenharia nas costas,
Do que levar o fardo que machuca todos os dias.
Quero ser livre para andar, para rir, para chorar.
O viver acima de todas as amarras,
Que não se podem levar nas costas todos os dias.
Brasília, 13 de janeiro de 2019.
Carregando a catedral de Brasília. Poema de Bomani Flávio.
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