Brilhar como um vagalume para vencer o medo da noite.
Preciso brilhar como um vagalume,
Para vencer o medo da noite.
Se eu vencer o medo da noite,
Vencerei o medo do dia.
Preciso brilhar como um vagalume,
Que voa na noite com tal costume.
De tanto viver com a luz apagada,
Por causa do medo,
Surgiu uma luz.
Assim do nada.
Luz que vem de um simples vagalume.
Preciso brilhar como um vagalume,
Para enfrentar os terrores.
São tantos os terrores da noite.
Também são os da luz do dia.
Mas como vou brilhar?
Olhando para o vagalume.
Este tem a luz,
Mas não tem perfume.
Eu, é claro, não tenho luz,
Mas tenho meu perfume.
Preciso exalar meu perfume.
Toda pessoa tem seu perfume.
Para descobrir o cheiro que tem,
Saia na noite como pirilampo.
Verá que de bom alguma coisa tem.
Somente não quero exalar o medo.
Aquele que vem das raízes da noite.
Plantas que emitem terrores.
São muitos os terrores da noite.
Por isso preciso brilhar como um vagalume.
Terrores que têm asas e olhos.
Mas de um quero ter medo.
De não brilhar como um vagalume.
Mesmo na noite que possa vir a me entristecer,
Eu preciso brilhar como um pirilampo,
Que voa na noite com tal costume.
Mas jamais me esconder,
Por causa dos terrores da noite.
E para não me esconder,
Apenas brilhando como um vagalume.
Igual àquele que se esbarrou em meu pescoço,
Naquele dia de intensa tristeza de um medo sem nome.
O bichinho me fez lembrar que preciso brilhar,
Para suportar a noite de qualquer lugar.
Brasília, DF, em 26 de outubro de 2018.
Preciso brilhar como um vagalume. Poema de Bomani Flávio.