Arquivo para categoria: Poema sobre a ciência e o ser.

big bang

Como escapar da zona escura do big bang?

Como escapar da zona escura do big bang,

Aonde fui aprisionado sem me perguntar?

Jaula que poderia ter outro nome,

Menos zona escura do big bang.

 

Não há prisão pior no mundo,

Como a zona escura do big bang.

 

Essa prisão não tem endereço fixo.

Não tem soldado para prender.

Não tem carcereiro para vigiar.

Prisão igual a esta no mundo não há.

 

Embora não tenha sequer segurança,

Desta prisão não consigo escapar.

 

Quem sabe essa tenha sido a origem do big bang.

Tudo estava preso em algum lugar.

E de repente explodiu e explodiu,

Para a vida começar.

 

Pois antes tudo era escuro.

Veio o big bang,

Que tudo explodiu.

 

Tudo aconteceu.

Tudo virou luz,

Que gerou vida.

Gerou você e eu.

 

Mas inexplicavelmente preservou a escuridão.

Zona escura da qual não consigo escapar.

Rota que ninguém deve entrar

E de onde não se consegue escapar.

 

Às vezes tento fugir.

Mas descubro que estou pesado.

Então não consigo caminhar.

Preste atenção, não venha para cá.

 

Vim porque era o paraíso.

Todas as lascívias,

Todos os desejos.

Tudo eu podia realizar.

 

Mas na hora de voltar,

A porta se fechou.

Por que se fechou?

Porque eu estava pesado.

Tão pesado que mal conseguia andar.

 

Dentro da zona escura do big bang,

O ser cede as vontades facilmente.

O prudente vira imprudente.

De cima da montanha os reinos se mostram,

De tal forma que qualquer um se rende.

 

Preciso sair da zona escura do big bang.

E tem que ser antes da lua verde.

Lua que ocorre quando a vontade se renova.

Mas como escapar da zona escura da explosão?

Estou mais pesado do que um navio,

Encalhado dentro de um caís redondo,

Feito justamente para não sair.

 

Desse jeito, jamais vou escapar.

Embora a prisão não tenha segurança,

Infelizmente daqui não consigo fugir.

 

Os grilhões de aço me impedem de caminhar.

Meus próprios deleites criaram os grilhões.

Era pessoa pacata e tranquila.

Os desejos me aprisionaram neste lugar.

 

Mas resta-me a esperança de outras fugas.

Se conseguiram fugir de Papilon,

Alcatraz ou Sagmalicar,

Então um dia conseguirei escapar.

Mas talvez seja melhor encontrar o verbo.

Dizer haja luz e com autoridade.

 

Quem sabe assim tudo possa explodir,

Para a vida eu recomeçar.

É loucura, pois, muita  loucura,

Está preso na zona escura do big bang.

Ninguém vai acreditar nesta prisão maluca,

Que nem eu mesmo sei onde fica esse lugar.

 

Brasília, 22 de novembro de 2018.

Como escapar da zona escura do big bang? Poema de Bomani Flávio.

cientista

Torne-se cientista da própria vida pessoal.

Torne-se cientista da vida pessoal,

Quer dizer, cientista da própria vida pessoal,

Já que tudo gira em torno do emocional.

Quando não gira, gira em torno do sol.

Se o sol, aliás, não for o gigantesco sol de arder os olhos,

Que há dentro do coração.

 

Coração valente que suporta muita dor.

Às vezes dor de morrer a carne,

Outras vezes dor de morrer a alma.

Dor que precisa de muita observação.

 

Se a ciência começa na observação,

O ser aflito precisa de solução,

Para a devida ação.

 

Torne-se cientista da própria vida pessoal,

Antes que os primeiros socorros cheguem.

Cientista dos primeiros socorros,

Da própria vida pessoal.

 

Descubra os primeiros sintomas da ansiedade e da depressão,

Que assustam exageradamente a alma do ser.

Crescem tanto que a alma geme.

Dor do silêncio que algema.

 

Se os espectros tivessem olhos e pele,

Tudo pareceria fácil.

O ser escolheria as armas para o combate.

Na medida certa para cada combate.

 

Mas nem todo inimigo tem olhos e pele.

Mesmo assim, o ser sente, sente tanto, que chora.

Torna-se, sem saber, de dezenas de elefantes.

Para ombro que mal leva a cabeça do tronco.

Torne-se cientista da própria vida pessoal.

 

Observar-se começa com aquelas perguntas.

Indagações rotineiras que assombram a alma do ser.

Por que sou assim?

Em que minha vida pode melhorar?

Por que tantas tentativas frustradas?

Por que relacionamentos errados?

Por que a demora da prosperidade?

Por que remédios contra a ansiedade?

Por que, assim, tanta burrice?

Torne-se cientista da própria vida pessoal.

Quem não faz perguntas, não será gente.

Tornando-se cientista da própria vida pessoal,

Será, de imediato, a imediata ajuda.

 

Nesta vida tão bela e que às vezes parece ingrata,

Tudo pode girar de maneira confusa.

Quando não gira, gira em torno do sol.

Se o sol, aliás, não for o pequeno coração.

O que habita dentro da alma.

 

O cientista da vida pessoal sabe onde pisa.

Saber onde pisa diminui a ansiedade,

Esvazia ou acaba com a depressão.

A tal ponto que dezenas de elefantes podem virar a menor das formigas.

 

Brasília, DF, Brasil, em 10 de setembro de 2018.

Cientista da própria vida pessoal. Poema de Bomani Flávio.

teoria da incerteza

Teoria da incerteza.

No caminho imprevisível, que surge à frente,

Você poderá estar muito carente.

Tão frágil quanto o ovo nas mãos,

Tão inseguro quanto a barata,

Ameaçada por mãos e pés.

Na teoria da incerteza,

Qual caminho a seguir?

 

Quando se estar abatido na incerteza,

Diversas opções podem surgir.

No desespero, a pior pode afligir.

 

Na tristeza sem fim,

Qual caminho a seguir?

Talvez tenha andado bastante.

Talvez mal tenha começado.

Se o caminho for claro,

A certeza virá como a chave para abrir a porta.

 

Se o caminho for escuro,

Em que a luz se enfraquece,

Em cada passo que se avance,

A incerteza será a bússola,

Que não terá em mãos.

 

Na noite escura,

Além não se consegue ver.

Se tudo requer um rumo,

Qual rumo a seguir?

 

Quando houver um só rumo,

A decisão parecerá una.

Mas pode haver vários rumos,

Várias avenidas,

Ruas escondidas,

De dar medo,

Para chegar ao juízo de valor.

Pode ser fatal.

Mas talvez haja uma chance.

 

Tem gente que só tem uma chance.

Há outros que tem duas chances.

Muitas outras várias chances.

 

Na teoria da incerteza,

As chances não são iguais.

Não terá do que reclamar.

Talvez lamentará pelo choro.

 

E reclamar é o que mais se faz.

A começar por uma segunda chance.

Sempre vai se pedir por uma nova chance.

 

No caminho imprevisível que surge à frente,

Dúvidas podem surgir.

Por que não ter uma nova chance?

Por que não recomeçar para voltar atrás?

A incerteza não é lugar seguro.

Ali não se tem plena confiança onde pisa.

 

Qual rumo a seguir?

No caminho inseguro que se avista,

Talvez consiga esperança.

Levante o peito com elegância.

Respire e ande.

Avance sobre as águas da fragilidade,

Que você mesmo plantou.

 

Mas é bom saber que,

Na teoria da incerteza,

Pode haver mais dor do que certeza.

Lágrimas podem surgir da falta de uma segunda chance.

Ninguém sabe o que poderá acontecer.

Infelizmente, a teoria da incerteza se impõe sobre a breve vida,

Nesta vida tão incerta.

Mais incerta que a certeza.

 

Brasília, DF, Brasil, em 29 de abril de 2018.

Teoria da incerteza. Poema de ‎Bomani Flávio.