Arquivo para categoria: Poemas sobre o ser e a terra onde nasceu.

santuário

Um santuário dentro do meu eu.

Um santuário dentro do meu eu.

Eu não posso esquecer,

Mesmo na tristeza profunda,

Que tem um lugar,

Onde abriga o meu eu.

 

Se sou assim,

Talvez seja por causa do santuário,

Que envolve ou protege o meu eu.

 

Protege tanto que me faz feliz.

Brinca de feliz ou infeliz,

Por causa do meu eu.

 

Pois cada eu tem seu abrigo,

Que vira tremenda amigo.

Se estranhar, um feroz inimigo.

 

Quanto mais zelo,

Será, para os outros, um modelo.

Do contrário, para si ou para os outros, pesadelo.

 

Seja na expressão da alegria,

Seja na dor que sangria,

Esse templo influencia exageradamente o eu.

 

Mesmo quem tenha síndrome,

(burnout, pânico ou outro codinome),

Por favor, proteja o santuário.

 

Conquanto há um santuário,

Que abriga o eu.

Pequeno como o eu.

 

Mas se duvidar da existência desse templo,

Certamente alguém vai dizer que foram as más companhias.

Você se perdeu por causa das más companhias,

Por causa de uma vida sem guia.

 

Brasília, DF, em 14 de junho de 2020.

Um santuário dentro do meu eu. Poema de Flavio Florentina.

Agora vou falar da minha pátria.

Todos falam de suas pátrias.

Agora vou falar da minha.

Filho que engradece a pátria,

Mas espolia o que a terra tem,

Impedi que a nação se torne uma rainha.

 

Para se tornar uma rainha,

Minha terra precisa de sonhos.

Urgentemente de sonhos,

Desses que levam homens à lua.

 

Sonhos que projetam foguetes no espaço.

Filhos que ganham prêmio Nobel.

Façanha decorrente de pesquisas e literatura,

Aliada à pacificação social.

 

Mas minha nação não acorda.

Pátria que não acorda,

Não realiza façanha.

Pátria não pode virar zumbi,

Que não é de ninguém.

 

Mas quando minha pátria sonhou,

No pouco tempo que sonhou,

Apareceu a capital que a nação ganhou.

 

Capital que inaugurou novos tempos.

A terra ingressou na modernidade do olimpo,

Por causa do sonho de ocupar os campos.

 

Teve filho que sonhou com o avião.

Logo surgiu o 14 bis.

Tem sonhado com futebol.

Quantas façanhas de assombrar  os campos!

 

O Brasil precisa assombrar outras terras, outros mundos.

A nação assombra outras terras com inovações.

Somente assim conseguirá assombrar os filhos,

Que querem estudo e emprego.

Os anciãos, de sonhos de vida boa.

É isso que minha terra precisa.

De sonhos para os filhos realizá-los.

Homens e mulheres com toneladas de energia e ousadia.

Filhos que buscam a governança pública.

Pois nação sem ordem,

As coisas desandam.

 

Se a corrupção atingir o prato,

Come-se os sonhos,

Do trabalhador.

 

Acorde, minha pátria.

Não adianta fazer carros que não andam,

Guardar foguetes que não saem da barriga,

Lançar modelos de internet e GPS para míngua  duas pessoas,

Se a população não tem hospital,

Nem transporte de excelência.

 

Outras pátrias têm sonhado.

Quantas têm sonhado!

Muitos frutos têm ganhado.

 

Acorde, minha pátria.

Vista o lençol das inovações.

Quanto mais inovar,

Mais prosperidade terá.

 

Está na hora de incitar os filhos,

Com sonhos e ousadia.

Quem sabe assim volte a ser rainha,

Que não seja da fada madrinha.

 

Brasília, DF, em 11 de outubro de 2018.

Agora vou falar da minha pátria. Poema de Bomani Flávio.

portas abertas

Cidade com portas abertas. 

Sonhei esta manhã que todas as cidades do mundo,

De todos os continentes, credos e línguas,

Estavam com as portas abertas.

Ninguém nada entendia,

Porque não dava tempo por tamanha euforia.

 

Nada de alfândega

Para barrar negros, imigrantes latinos, gente mestiça.

Gente de outro planeta.

Gente vindo das cavernas desabitadas da lua.

Trânsito livre, pois, para todos os carros e pessoas.

Navios sem restrições.

 

Havia, enfim, celebração para comemorar o fim do passaporte.

Bem diferente do dia anterior

Em que eu dirigia em uma autoestrada,

Quando deparei-me com uma placa,

Furada ao meio por uma faca.

As setas invertidas me desorientavam.

Da esquerda direcionava para as portas brancas.

Da direita para portas pretas.

Lágrimas saíram de meus olhos.

 

Quantas classificações para processar!

Na estrada,

Seja aonde for,

As leis do trânsito não deveriam levar a lugares difíceis.

 

Acordei assustado.

Não devia haver cidade com portas brancas!

Também não devia haver cidade com portas pretas!

Bastava a denominação cidade com portas.

 

E se houvesse que qualificar as portas,

Que fosse a cidade com as portas abertas.

Cidade com portas receptivas faz bem a si mesma,

Pois a propriedade é uma fantasia de quem a criou.

Só se leva a propriedade quando se morre.

 

Brasília, 3 de dezembro de 2017 às 16:47

‎Cidade com portas abertas. Poema de Bomani Flávio.