Arquivo para categoria: poemas sobre o ser e os seus medos.

inspiração

Inspire-se ouvindo Elisa.

Antes que os sonhos deslizem,

Para o mar que não banha Belize,

Busque a inspiração.

Inspire-se ouvindo Elisa.

Talvez descubra também o que há por trás

Do sorriso de Monalisa.

 

Mas se quiser outro clima,

Pode se inspirar olhando para cima,

Onde está o deserto de Qetar.

Perdido sobre a imensidão do mar.

 

Se não souber que mar seja esse,

Levante o peito para olhar.

Estufe o peito, de preferência.

 

Pois esse deserto tem influência

Abaixo, além ou acima dos olhos,

Por causa de sua abrangência.

 

Primeiro porque amedronta os olhos,

Que pode deixar a todos caolhos.

Deserto de boca sem portas, nem janela.

Curvatura onde não vejo sentinela.

 

Depois porque a vida entrou por ele.

Caso contrário, nasceu debaixo dele.

Esse deserto, de fato, é extraordinário,

Por causa do seu sedutor cenário.

 

Então levante os olhos para olhar,

Se a inspiração estiver a falhar.

Olhe atentamente para o deserto de Qetar.

Do tamanho das terras e as águas de todo o mar.

 

Inspire-se, pois, ouvindo Elisa.

Tão inspirador quanto o sorriso de Monalisa.

Mas, se atentar para Qetar,

A inspiração pode criar nova curvatura,

Novos projetos ou modelos,

Para o desenho que está a criar.

 

Quem sabe afastar a depressão,

Que possa estar severamente a assolar.

Verdadeira inspiração,

Pois de Qetar, durante o dia ou a noite,

Brota o sol, a lua e as estrelas.

Inspiração para viver, sonhar ou amar.

Mas a inspiração começa ouvindo Elisa,

Sem esquecer do deserto de Qetar.

 

Brasília, DF, em 07 de agosto de 2020.

Inspire-se ouvindo Elisa. Poema de Flavio Di Fiorentina.

forjado

Forjado nos montes e nos vales.

E chegou o homem de Deus, e falou ao rei de Israel, e disse:
Assim diz o Senhor: Porquanto os sírios disseram:
O Senhor é Deus dos montes, e não Deus dos vales;
toda esta grande multidão entregarei nas tuas mãos;
para que saibas que eu sou o Senhor. 1 Reis 20:28

Forjado nos montes e nos vales,

Para suportar os terríveis trancos,

Que entristecem o coração,

Mas também confundem a emoção.

 

Antes que os montes e vales desapareçam,

Entenda isso, meu irmão.

Senão poderá estar no vale.

Infelizmente da depressão.

 

Entenda isso mesmo meu irmão.

Senão toda a Terra seria plana,

As pessoas e o eu do coração.

 

Pessoas planas existem,

Porém no mundo da ilusão.

Tema para outra canção.

 

Mas, por favor, entenda mesmo.

De tanto calejar nestas planícies,

Que existem na mesmice,

Encontrei o segredo,

Para impulsionar o coração.

 

Segredo que não vem da visão,

Nem da leitura da mão.

Vem por se descontentar da mesmice,

Esterco da burrice.

 

Forjado nos montes e nos vales,

Para vencer os males,

Que cegam o coração.

Venenos que entorpecem a emoção,

Que confundirão a razão.

 

Mas não estou criando nenhum segredo, meu irmão.

Talvez impulsionando a ousadia,

Paralisada pelo medo que se recria a cada dia.

Será mentira ou verdade, meu irmão?

 

Forjado nos montes e vales

No aço da espada de um grande guerreiro.

Distopias existem.

Contudo, os montes e vales são reais.

 

Antes que surja uma nova canção,

Eu preciso aprender a lutar nos montes e nos vales.

A língua do guerreiro dos montes e dos vales.

 

Senão o medo vira mesmice, meu irmão.

A mesmice do medo é a causa de enloquecer primeiramente a emoção,

Para depois derrubar a razão.

 

 

Brasília, DF, em 03 de maio de 2020.

Forjado nos montes e nos vales. Poema de Flavio di Fiorentina.

relógio biológico

Quantos relógios biológicos dentro do meu ser!

Quantos relógios biológicos dentro do meu ser!

Se fosse apenas o acordar ou dormir,

Fazer sexo ou se alimentar,

Tudo poderia ficaria bem.

Mas tem outros relógios escondidos

Dentro de cada ser.

 

Doenças que desgraçadamente não pedem licença.

Explodem ao seu bem querer,

Para o pobre ser fenecer.

 

Vulcões adormecidos,

Imprevisíveis como o novo amanhecer.

Brincam com meu humor.

Será por isso que eu sou 8 ou oitenta?

 

Com tantos dispositivos assim dentro do meu corpo,

Alguns ou milhares adormecidos,

Certamente não tem como eu me conhecer!

 

Pior se esses relógios estiverem relacionados.

Se Whitrow¹ estiver certo,

Talvez isso explique porque eu seja um pouquinho assim.

 

Pouquinho de mistura de vários relógios,

Que se relacionam ou não entre si,

Na intrigada pessoa que sou.

 

Então sou um campo minado,

Com vários relógios adormecidos.

Outros regularmente na ativa.

 

Quem dera eu pudesse controlá-los!

Será por isso que eu seja tão certinho,

Por que estão adormecidos?

Ou seja tão bipolar,

Por que a cada dia desperta mais,

Para atazanar a paciência,

Do meu pequeno ser?

 

Brasília, DF, em 22 de dezembro de 2019.

Quantos relógios biológicos dentro do meu ser! Poema de Bomani Flávio.

lua

Estranha lua de pedra.

Todo dia é dia de lua.

Mas aquela estranha lua de pedra,

Que paira sobre meu quintal,

Também será de todo o dia?

 

Duas luas assim tão opostas

Não podem andar juntas.

Nem de dia, nem de noite,

Porque nem de longe formam conjunto.

 

Mas como a lua natural tem seu trajeto,

Todos sabem seu dialeto.

Mesmo no mais distante País,

Não importa o alfabeto.

 

Quem não conhece suas marés?

O benefício singular das suas fases

De encantar gerações a gerações?

A natural é tema de muitas canções.

 

Oposta é a lua de pedra.

Sempre com os olhos fechados,

Fingindo que nada vê.

Mas qual será seu dialeto?

 

Assombrar a vida mental

De quem estiver no quintal.

Quanto mais conturbada a vida mental,

Mais devastada a área ambiental.

 

Aliás, quem pariu este assombroso ser,

Que, no meu quintal, parece tão transcendental?

 

Quintal que não vê,

Além dos olhos,

Talvez pouco ou nada verá.

 

Quem pariu talvez sejam os olhos,

Que ambicionam quase tudo o que vê.

É preciso proteger o quintal.

Às vezes de maneira brutal.

 

Talvez assim a assombrosa lua pedra abra os olhos.

Mas viver uma vida fingida ninguém merece.

Isso afeta a vida mental.

Atrai a lua de pedra,

Que finge a ninguém vê.

 

Brasília, 05 de dezembro de 2019.

Estranha lua de pedra. Poema de Bomani Flávio.

Eu não consigo voltar atrás.

Eu não consigo voltar atrás,

Por causa do arrependimento.

Eu não consigo voltar atrás,

Para a vida reta que eu tinha.

 

Se quiser recuperar a vida caretinha,

Não vá para Guizar,

Onde não terá uma vida certinha.

 

Porque Guizar desafia as regras,

Onde lá não são efêmeras.

Se quiser se corromper,

Ali você vai se romper.

 

Se eu soubesse que aqui não tinha sol,

Para ajudar aonde pisa,

Eu teria trazido um tremendo farol.

 

Então não esqueça de viver uma vida reta,

Se achar que não seja coisa de careta.

Lascívias ou corrupção,

Tudo presente em Guizar,

Lugar onde o ser entra em contradição.

 

Quanto mais contradição na vida,

Mais próximo de Guizar.

Mas se não se apega a regras,

Que podem atormentar o coração,

Às vezes por anos ou décadas,

Em Guizar não se precisa de uma vida íntegra.

 

Aliás, talvez Guizar nunca venha a existir,

Não importa onde esteja,

Nem precisará voltar atrás,

Se o coração fizer tudo para se sentir feliz.

 

 

Brasília, DF, em 06 de outubro de 2019.

Em Guizá, não consigo voltar atrás. Poema de Bomani Flávio.

Equilíbrio

Uma capa para preservar o equilíbrio.

Quando eu terminava o texto do poema, curiosamente
li a seguinte notícia em imprensa eletrônica no dia
10/09/2019:
“Morre iraniana [Sahar Khodayariu] incendiou o próprio corpo após
ser processada  por tentar entrar em estádio de futebol” (*)

 

Capa para preservar o equilíbrio.

Presa fácil dos medos

E de outros perigos.

Preciso de uma capa,

Com urgência,

Para preservar meu equilíbrio.

 

Mas como conseguirei o almejado bem-estar,

Se no lugar onde moro,

Trabalho ou passeio,

Tudo transpira perigo?

 

E caso o sistema seja muito arredio,

O ser precisará de uma capa,

Contra as turbulências do destino.

Turbulências geradas pelo sistema,

Dona, infelizmente, do destino.

 

Turbulências que mataram Sahar Khodayari,(*)

Iraniana do destino.

Vítima do sistema,

Manipuladora do destino.

 

Antes que surja novamente uma nova Sahar Khodayari,

Que se vestiu de homem para assistir a um jogo,

Melhor não se vestir escondido.

 

Camuflar pode ser uma artimanha do destino.

Dominado por um sistema opressor das pernas,

Dos olhos ou das mãos,

Que está se lixando para o equilíbrio.

 

Por isso é necessária uma preciosa capa,

Para preservar o equilíbrio.

Bem-estar psíquico,

Para unir o ser por dentro.

Ser que engane as artimanhas do destino.

Estratégias certas,

Para não perder o tino.

 

Mas nunca será tarde para ter uma capa,

Para preservar o ser,

Contra as turbulências do destino,

Manipulado pelo sistema.

 

Assim, agir friamente contra o sistema,

Manipuladora do destino.

Onde haja sistema,

Mínimo que seja,

Será necessária uma capa,

Para preservar o equilíbrio.

 

Do contrário, o ser criará seu próprio sistema,

Sem defesa alguma,

Que o poderá engoli-lo por inteiro.

 

Brasília, DF, em 10 de setembro de 2019.

Uma capa para preservar o equilíbrio. Poema de Bomani Flávio.

fases da lua

Durante as fases da lua.

Durante as fases da lua,

O que pode acontecer,

Se o imprevisível aparecer?

Muitas coisas podem acontecer,

Para perturbar o ser.

 

Eu, a toda hora ou em todo o momento,

Virava uma raposa, um cavalo, um leão ou um cachorro.

Outras vezes uma cobra, de espécie grande.

A última foi um exótico morcego de três olhos.

Mas nunca um lobisomem.

 

A loucura às vezes parece difícil de explicar.

Tudo porque eu tentava sobreviver

Em um lugar escuro,

Onde lutava contra o obscuro.

Além de obscuro,

Lugar inseguro.

 

Pois, sem os ansiolíticos ou antidepressivos,

Eu peitava os faraós,

Na terra sem Jó.

Lutava contra as anacondas

Nas águas sem ondas.

 

Mas quem nunca lutou no quarto escuro?

O dia está claro,

E tudo parece sem futuro.

 

Ora o ser falando sozinho na rua,

No parque ou no shopping.

Outras vezes gritando contra si,

No silêncio do grito.

 

Assim, no quarto escuro,

O ser parece em xeque.

Os familiares não acreditam.

Os amigos e a vizinhança desconfiam.

O próprio ser nem em si confia.

Muros que devem ser quebrados,

Para não ficar no obscuro.

 

Então, quando atravessei o muro,

Do quarto escuro,

Meu ser concebeu o impossível.

Pariu um sol,

Gigantesca estrela,

Contra o obscuro.

 

Após muitas e intensas noites,

Meu ser pariu uma estrela.

Do tamanho do mar,

Existente nas estrelas.

 

Até para sair do obscuro

Tudo parece uma loucura.

Conceber um sol,

Para sair do lugar obscuro.

 

Se eu não saísse do lugar obscuro,

Não haveria lua cheia,

Nem lua minguante.

Mas onde estaria a crescente?

 

Durante as fases da lua,

Apenas deveria haver a lua cheia.

O ser viraria lobisomem,

Mas não todos os bichos do mundo.

A lua cheia iria embora,

E tudo ficaria na boa.

 

Mas nem tudo na vida é de ficar na boa,

Se com o imprevisível o ser não saber lidar.

Talvez o pior da vida seja o imprevisível,

Não importa em que fase da lua.

Bom seria que houvesse um sol,

Para acabar com o imprevisível.

 

Brasília, DF, em 28 de agosto de 2019.

Durante as fases da lua. Poema de Bomani Flávio.

felicidade

Vem das terras de dentro a minha felicidade.

Vem das terras de dentro a minha felicidade.

Não vem das deslumbrantes terras de fora.

Meu estado de felicidade vem das terras de dentro,

De onde se encontrará o epicentro.

 

Do contrário, como tiraria essa terrível camisa de força,

Que me deixava infeliz?

Agora quero manter esta serenidade,

Para continuar a ser feliz.

 

Quem consegue tirar a camisa de força,

Será bem feliz.

Mas, se não conseguir,

Lutará a vida toda,

Para destruir essa estranha raiz.

 

Camisa de força que vem de fora,

Das opressoras terras de fora,

Para fincar a bandeira de que não vai cair fora.

 

Onde tem cenário, incrivelmente tem lei,

Que eu, por força, aceitei.

 

Camisa de força que também é uma praga,

Que a pessoa estraga.

Típica de quem mora na cidade.

Não escolhe idade,

Mas gosta de ambiguidade.

 

Vem das terras de dentro a minha felicidade.

Não vem das terras de fora.

Joguei fora muitas vulnerabilidades,

Para viver certa unidade.

Mas como se livrar da camisa de força?

Ninguém sabe a receita.

Eu tirei a minha por causa de uma vida insatisfeita.

Se não se respeita,

Certamente vai viver uma vida direita.

Imposição das terras de fora.

 

Brasília, 07 de agosto de 2019.

Vem das terras de dentro a minha felicidade. Poema de Bomani Flávio.