Arquivo para categoria: Poemas sobre amor e decepção.

meteoro ou meteorito

Os meteoros ou meteoritos destruíram o nosso amor.

Tudo por causa dos meteoros ou meteoritos,

Que eu não vi chegar.

O amor dos anos acabou de pegar o táxi.

Brigou com o céu.

Xingou a vida.

E quem sobreviveu?

A casa, quase destruída, e eu.

 

Quando se perde o amor,

Não adianta fazer clamor.

Talvez o remédio seja olhar para o céu,

Com indagações repetitivas,

Que beiram a fariseu.

 

De onde veio então o meteoro de Chealiabinsk?

De onde veio o meteoro do Mar de Bering?

Vieram além da vastidão,

Além da noite ou do incrível céu azul.

 

Músculos que contam histórias do universo.

Muitas de assombrar os olhos.

Talvez a mais deslumbrante:

O impacto chama a atenção na sombra do céu azul.

 

Forma um rabisco de fascinante luz,

Que vem do alto até embaixo.

Como som de turbina de avião.

Chega com imensa luz e explosão.

Que poder da coisa errante!

Coisa errante capaz de matar ou assustar a qualquer um.

 

Muitas coisas errantes, pois, vêm de cima.

Sem piloto, sem volante,

Atropela a quem estiver na frente.

Coisas errantes capazes de matar ou assustar a qualquer um.

 

Mas de onde vêm as coisas errantes,

Que às vezes, por motivo diverso, levam o amor?

O amor começou cheio de aroma,

De fragrância com cheiro de lilás.

 

Vieram, porém, inesperados meteoros ou meteoritos.

Não foram identificado nos céus.

Chegaram tão de mansinho,

Que arrasaram com o nosso amor.

Amor de anos não resiste a meteoros ou meteoritos,

Se a base, mínima que seja, vier da porcelana.

 

Infelizmente os meteoros ou meteoritos minaram a casa.

Trincos surgiram, que eu não consigo reparar.

Talvez consiga encontrar o rastro,

Com o fiel cigarro,

Que agora incansavelmente levo à boca.

Talvez na fumaça eu consiga encontrar as razões,

Que convenceram meu amor a pegar o táxi.

 

Brasília, DF, em 09 de abril de 2019.

Os meteoros ou meteoritos destruíram o nosso amor. Poema de Bomani Flávio.

deriva

Estou à deriva à procura do meu amor.

Estou à deriva em meu caiaque,

À procura do meu amor.

Minha amada desapareceu,

Por eu não falar palavras de amor.

 

Pois dez anos são muito tempo,

Para poucas palavras de amor.

Amor nenhum resiste,

Em uma sociedade de dois,

Sem palavra alguma de amor.

 

Estiagem assim raramente acontece.

E tudo isso aconteceu,

Sobre o solo que eu pisava,

Onde eu resistia a falar palavras de amor.

 

Estou à deriva neste oceano,

À procura do meu amor.

Quero encher este oceano,

De muitas palavras de amor.

 

Quem sabe assim minha amada reapareça,

Mesmo que neste copo de cerveja.

O que eu quero é descobrir,

Navegando por estas espumas brancas e águas amarelas,

Deste oceano tão complexo,

Para aonde foi meu amor.

 

Brasília, DF, em 23 de fevereiro de 2019.

Estou à deriva à procura do meu amor. Poema de Bomani Flávio.

kardashian

Perguntem a Kim Kardashian sobre a vida do casal.

Após levar casal surdo-mudo de volta para casa,
a volta para a minha é surpreendida com espetacular lua
no início da noite de sábado.
Claridade que  refletia nas pedras do
quintal de casa. Brasília, 19/01/2018.

 

Perguntem a Kim Kardashian,

Beleza que encanta as torres invisíveis do dia a dia.

Morena que encanta sedutoramente de longe,

Mas como fogo encanta muito mais de perto.

 

Porém, se estiverem acanhados,

Perguntem ao sol.

Perguntem também a lua.

Quem surgiu primeiro:

O sol ou a lua?

 

Assim como os limites exatos das fronteiras do universo,

A indagação pouco importa na vida do casal.

Mas, se for importante,

Na crise, na vida de um casal,

O sol nasceu primeiro.

Os astros foram maravilhosamente se mexendo,

Para incrivelmente surgir a lua.

 

Se ainda não perguntaram a Kim Kardashian sobre o sol e a lua,

Aproveitem para falar da vida do casal.

Se tirarem o sol do quintal,

A luz da lua será suficiente para iluminar a vida do casal?

 

Outra resposta veio de uma noite para outras noites.

Para viver juntos,

Deve haver sempre o sol,

Para iluminar o dia,

E não esquecer da lua,

Para iluminar a noite.

 

Mas se vier o inverno,

Talvez junto com aquela intensa neve de tremer a pele,

Lutem para não esconder o sol nem a lua.

E se esconder, que outra luz poderia iluminar a vida do casal?

 

Brasília, 19 de janeiro de 2019.

Perguntem a Kim Kardashian sobre a vida de casal. Poema de Bomani Flávio.

batom

Peça para ela usar batom vermelho.

Peça para ela usar batom vermelho,

Se os raios do sol estão fugindo de casa.

Se não agir com saudades de casa,

O telhado e o quintal ficarão em paisagem cinza,

As plantas da casa perderão o vigor,

O quintal ficará repleto de folhas secas.

 

Tudo como herança da vida que restou.

Antes que seja tarde demais,

Peça para ela usar o batom vermelho.

 

Do contrário, o casal será reprovado na brasa,

Que queimará cada centavo no lixo da casa.

 

Como um diligente cavalheiro,

Revitalize a vida dentro de casa.

Assim a alegria não ficará rasa.

Se cuidar da atmosfera de dentro,

A atmosfera de fora não repelirá a de dentro. 

 

Antes que seja tarde demais, 

Peça para ela usar batom vermelho. 

Talvez volte o antigo mar de rosa. 

Talvez não seja hora, pois, de achar o culpado,

Nem julgar quem realmente estava chapado.

 

Isso pouco importa. 

Antes que seja tarde demais,

Peça para ela usar batom vermelho.

 

Pode ser que tudo volte como era antes,

Contato que deixe de ser litigante.

Antes que seja tarde demais,

Peça para ela usar batom vermelho.

Se viver dentro se torna difícil, 

Viver fora não será nada fácil. 

 

Do que adianta o planeta rodar o sol várias vezes, 

Ao longo da existência, 

Se o romance e a conversa perderam a essência? 

O casal precisa recolorir a paisagem,

Com o tom da adequada dosagem.

Sem o reequilíbrio, tudo seguirá para a porcentagem.

 

Em tempos de adversidade, 

O casal não pode esquecer do antídoto.

Mas o melhor continua sendo jogar tudo no esgoto.

 

Assim, antes que seja tarde demais,

Peça para ela usar o batom rosa.

Talvez ela não seja mais uma menininha,

Mas o cosmético rejuvenesce a pele.

Ela sentirá como é importante ser mulher. 

 

Assim que descer do ônibus ou do carro, 

Corra para ela, mas não seja bizarro.

Antes que seja tarde demais,  

Peça para ela usar o batom vermelho,

Pois esta cor é prazerosa.

 

Brasília, 17 de setembro de 2018.

Peça para ela usar o batom vermelho. Poema de Bomani Flávio.

lua minguante

Amor nos tempos de lua minguante.

Para aonde foi a lua minguante,

Que regava a glória,

A beleza da vida do casal?

Desapareceu misteriosamente entre as nuvens do céu.

O que era tão belo, infelizmente, desapareceu.

 

Lua minguante que também foi escondendo-se,

Inacreditavelmente escondendo aquela paixão,

Até que um dia, por falta de emoção, espantosamente morreu.

 

De forma que aquele intenso amor,

Que derramava além do prato, foi diminuindo.

Com o tempo, apenas o fundo do prato apareceu.

Arranhava tanto que o talher se estarreceu.

Porque só restou a ingrata tarefa de arranhar?

Arranhar o passado que já não pode barganhar.

 

Tudo porque a lua minguante,

Com tantas fotos entre a gente,

Tinha testemunhado o intenso romance,

Que desapareceu entre as estranhas nuvens do céu.

 

Tempos de beijos intensos,

Paixões ardentes,

Viagens inesquecíveis,

Levados para um mundo distante,

Onde não havia chão.

 

Tesouros escondidos, sabe-se lá onde, além das nuvens,

De um céu que não passa avião, pássaro, helicóptero.

Não passa nada, a não ser as lembranças.

Tristes lembranças, de um passado que agora mancha.

 

Assim, nem a lua crescente,

Nem a lua cheia,

Nem mesmo a lua nova,

Recuperarão a glória de tanta paixão,

Transformada em nuvem escura,

Que não tem glamour nem compaixão.

 

Por que as coisas maravilhosas vão para o esquecimento?

Por que as coisas ruins não são esquecidas,

Como embrulhos, na estação do metrô?

 

O que aconteceu é que a lua minguante, nunca, nunca mais, voltou,

Por causa do céu nublado que pairou, pairou e ficou.

 

Às vezes, tudo quer parar e ficar,

Entre o ser e o céu.

Todavia, há coisas que vão parar, 

Além, bem além do céu.

Bendirá porque o universo é a favor.

Mal dirá se morar no lugar errado,

Por trabalhar no trampo errado.

Até mesmo por perder o amor.

 

E agora o que fazer?

A lua minguante escondeu-se,

Mas você ficou.

Ficou perplexo com o céu nublado,

Que pairou, pairou e ficou.

Ficou de boca aberta, 

Sem acreditar e chorou e chorou.

 

Melhor a incerteza das paixões,

Do que a certeza do dia a dia,

Que embaralha o coração do ser.

Nuvens do céu sempre vão aparecer.

Agora é conviver com nova paisagem,

Sem a luzente lua minguante.

 

Mas tinha que ser aquela lua minguante.

Somente àquela e nada mais.

Como não se consegue viver sem lua,

Quem sabe possa construir uma.

Lua com base no chão.

A lua C.

Lua bem do seu jeito.

 

Brasília, DF, Brasil, em 16 de junho de 2018.

Amor nos tempos de lua minguante. Poema de Bomani Flávio.