Arquivo para categoria: Poemas sobre o ser e a suas teorias da vida.

cabelos brancos

Cabelos brancos são dádivas da vida.

Cabelos brancos são dádivas da vida,

Mas meu ser quer escondê-los,

Por causa da vaidade da vida.

Onde tem tanta vaidade,

Perde-se a idade.

Quer dizer, a valiosa originalidade.

 

Já que são degraus conquistados na curta vida,

Algumas pessoas os terão;

Outros nem sonharão.

Mil vezes pode repetir,

Sem medo de se ferir.

 

Cabelos brancos, pois, são dádivas da vida.

Da vida que foi desenvolvida.

Elo para a vida a ser vivida.

Fios que vão chegando timidamente no couro.

No couro cabeludo do meu bem.

 

Porém são tão caros,

Que vão sendo dados aos poucos.

Então não devo ter nojo.

Os brancos não são pragas.

Eles são extraordinariamente do bem.

 

Tanto querem o meu bem,

Que o pintor vem das galáxias distantes.

Simplesmente para branquear os cabelos.

 

Parece sempre agir devagar,

Durante os dias, semanas e anos.

Conduta para não assustar o meu coração,

Nem o do meu bem.

 

Pois os fios brancos não são piolhos a aborrecer.

Se estiverem aborrecendo,

Não vou por tintura,

Pigmentação ou coloração.

Pois são fios preciosos do meu bem.

 

Os platinados naturais são dádivas da vida.

Os primeiros fios são verdadeiros convites

De um início a sonhar.

A longevidade terá sempre um início

Com fios de cabelos brancos a embelezar.

 

Assim, não queira dar fim aos brancos.

Fios abençoados do meu bem.

Mas há muitos mistérios envolvendo os platinados,

Que não são apenas os do meu bem.

 

Cabelos brancos são dádivas da vida.

Quem se foi,

Ainda bem jovem,

Nunca os terá.

 

E quem ficar, porque tirar bem tão precioso?

Se deixar os fios na forma natural,

Alcançará a ousadia para vencer o cultural.

 

Assim, não posso desprezar os brancos.

Desprezá-los estará rejeitando a própria natureza,

Que gosta de arrumar os seus filhos à sua maneira.

Como verdadeiramente lhe convém.

 

 

Brasília, DF, em 08 de dezembro de 2019.

Cabelos brancos são dádivas da vida. Poema de Bomani Flávio.

abrir mão

Abra mão do proibido.

Nos próximos anos surgirão tornados,

Que adoram o proibido.

Estarão em diversos lugares,

Atraídos pelo pervertido.

 

Tornados que jogarão seus dardos,

Para pintar a todos como leopardo.

Então abra mão do proibido,

Para se livrar do pervertido.

 

Porém, se não abrir mão do proibido,

Estará bem sucumbido.

Pois a vida não é uma arte.

A vida pode ser bem vivida,

Se não a viver de modo indevida.

 

Então abra mão,

Para expulsar o bandido,

Que gosta do ser bem confundido.

 

Alerta que veio da mão aberta,

Que deixou minha boca desperta!

Alerta que talvez não venha do acaso.

 

Mas se quiser abafar o caso,

Viverá na terra da fantasia,

Onde o prazer será em demasia.

 

Portanto, se não abrir mão do proibido,

Continuará na prazerosa terra do perigo.

Terra da fantasia que fecha a mão

Para apreciar o perigo.

 

Pois o escondido adora mão fechada,

Porque se esconde na fachada.

Por isso cuidado com a mão fechada.

Ditadura do satisfazer,

Que se esconde no prazer,

Desde os dias de ontem até os de hoje.

 

 

Brasília, DF, em 18 de novembro de 2019.

Abra mão do proibido. Poema de Bomani Flávio.

Estou desenhando o avô ou a vó dentro do meu ser.

Estou desenhando o avô ou a avó

Dentro do meu ser.

Mesmo ainda sendo jovem

Ou beirando os cinquenta.

 

Assim virão os filhos,

Netos ou bisnetos,

Para que eu possa conhecer.

 

Ciclo que venha de um outro desenho,

Qual seja, de ser pai ou mãe,

Para eu, na próxima geração, permanecer.

 

Avôs ou avós, pais ou mães,

Netos ou bisnetos,

São desenhos para a árvore encher.

 

Não somente uma,

Mas quantas árvores forem necessárias.

Capazes de criar e encher uma floresta,

De muitos e abençoado amanhecer.

 

Estou desenhando o avô ou a avó,

O pai ou a mãe,

Dentro do meu ser.

E se eu não desenhar,

O que poderá acontecer?

Simplesmente a floresta virar um deserto.

Terra ruim para o desenho crescer.

 

Brasília, DF, em 17 de outubro de 2019.

Estou desenhando o avô ou a avó dentro do meu ser. Poema de Bomani Flávio.

Ovo

Teoria do ovo: o viver por dentro e o viver por fora.

Era para eu permanecer dentro do ovo,

Onde, durante uma vida toda,

Se a corda for longa,

Somente se vive um por cento.

 

Mas do ovo fui expulso,

Para viver a vida de fora.

Não mais olhar para atrás,

Para não voltar à vida de dentro.

 

Mas a vida de dentro perseguirá o ser,

Caso se entristeça com a vida de fora.

Esta poderá ser cruel, muito má,

Se o desequilíbrio acontecer.

Os médicos de plantão talvez prescrevam a dor como de fora.

Talvez ignore que a dor venha de dentro.

 

Como isso acontece,

Ou de quem seja a culpa,

Talvez seja dos sonhos,

Onde os desejos moram.

 

Se eu não tivesse desejos,

Seria mais fácil controlar o mundo de fora.

Sacana que bendize e maltrata o ser.

Maltrata tanto que leva o ser para o ovo.

Como se o ser tivesse que renascer,

Quantas vezes for necessário,

Para reaprender a vida de dentro.

Ciclo que se repete na vida de fora.

 

 

Brasília, 21 de fevereiro de 2019.

Teoria do ovo:o viver por dentro e o viver por fora. Poema de Bomani Flávio.

universo paralelo

Existe um universo paralelo dentro do meu ser.

Existe um universo paralelo dentro do meu ser.

Universo de possibilidades que não quer fenecer.

Medo,

Ódio,

Amor,

Traição,

Ambição,

Xingamento,

Raiva.

 

São tantas estrelas dentro do meu céu,

Que resistem em desaparecer.

Tudo interagindo entre si.

Tudo me deixando às vezes fora de mim.

 

Tudo parece girar sem fim.

No final ou no meio do dia,

Às vezes o dia mal começa,

As costas não suportam o fardo.

 

Universo que se expande,

Ao invés de diminuir.

Quanto mais se expande,

Talvez possa fazer com que meu ser desande.

 

Existe um universo paralelo dentro do meu ser,

Que talvez venha a me desdizer.

Parece que vou girar indefinidamente,

Entre tantos objetos aparentes.

Como posso me ajudar?

Como esse universo se formou?

Eu não sei explicar.

 

E eu não sou tão grande assim.

Altura varia entre 1,60m a 1,7m.

Às vezes chega, em dezembro, a 1,8m ou até mais.

Sou feito de carne e osso.

Como posso me ajudar?

 

Existe um universo muito grande dentro do meu ser.

Cresceu sem ao menos avisar.

Se o universo infinito me assusta,

O universo paralelo me apavora.

Bom seria se na escola explicasse como se comportar diante de tão grande universo.

E agora, o que devo fazer?

Se meus pais soubessem do tamanho desse universo,

Talvez ao longo da vida eu crescesse dosando a carga.

 

Mas o universo está em expansão dentro do meu ser.

A carga tende a aumentar.

Peso que controlo com medicação.

Se eu atingir o bem-estar emocional,

Talvez eu consiga controlar o grande universo dentro do meu ser.

 

Brasília, DF, Brasil, em 24 de setembro de 2018.

Existe um universo dentro do meu ser. Poema de Bomani Flávio.

origem da vida

Origem da vida: como a vida chegou na Terra?

Este é o planeta Terra, ponto de partida para a vida.

Existência que gera angustiante pergunta:

Como a vida chegou na Terra?

Como eu entrei neste planeta?

 

Mas o voo da estação espacial internacional soa nos olhos de um poeta,

Na imensidão que assombra a imaginação de qualquer caneta,

Que refaz as perguntas:

Como a vida chegou na Terra?

Como eu entrei neste planeta?

 

A resposta está na barriga.

Para entrar no planeta Terra,

Deve haver uma barriga.

Outro requisito não há.

Do contrário, não vai entrar.

 

Mas como a barriga entrou no planeta?

A resposta está na ponta da língua.

Só pode ter sido por outra barriga.

 

A barriga gerou outra barriga.

A favor do fato há documento,

Que declara meu nascimento,

Por meio de uma barriga.

 

Como a vida chegou na Terra?

A favor do fato há o fato.

Entrei no planeta por meio da barriga.

Poderoso e frágil ventre de minha mãe.

Do contrário, como teria entrado?

 

Por isso sobrevoe sonda, satélite, estação internacional espacial.

Seja lá o que for.

Sobrevoe sobre os mares e os pedaços de terras.

Revele o azul, o marrom ou o branco.

Cores predominantes em imensas paisagens de encanto.

 

Revele que este é o planeta Terra, ponto de partida para a vida.

Mostre tudo lá de cima,

Mas não desminta,

Para não me envergonhar,

Que a vida começou na barriga.

 

Do contrário, como entrei no planeta?

Como a vida chegou na Terra?

A vida começou na barriga.

 

Entrei no planeta Terra por uma barriga.

A barriga da minha mãe.

Um ser chamado mulher.

 

Sobrevoe sonda, satélite, estação internacional espacial.

Seja lá o que for.

Revele o mundo sob outra perspectiva.

Mostre que este é o planeta Terra, ponto de partida para a vida.

 

A origem da vida começou na barriga.

A origem da vida continua na barriga.

Abençoada barriga da mulher.

 

Como a vida chegou na Terra?

A vida chegou na barriga.

Somente se entra no planeta pela barriga,

Maravilha que não pode ser maldição.

Sou neto,

Sou filho,

Sou pai,

Sou mãe,

Sou avó, avô.

Entrei pela barriga.

Abençoada barriga que gera outra barriga!

 

Sobrevoe estação internacional espacial.

Sobrevoe porque, neste planeta,

Tudo começa na barriga.

O nascimento que gera a vida.

Regra misteriosa da natureza,

Que me leva a repetir.

 

Como a vida chegou na Terra?

A resposta está na barriga.

 

Mas surge-me uma indagação da quântica ignorância minha.

E fora da barriga,

Será que há vida?

 

Esta pergunta veio assim porque agora estou na rua.

Solitária e escura rua em que estou sozinho comigo mesmo.

Este é o planeta Terra, base para tantas perguntas da vida.

 

Brasília, DF, Brasil, 22 de fevereiro de 2018.

Origem da vida: como a vida chegou na Terra? Poema de ‎Bomani Flávio.

mapa do desapego

Mapa do desapego.

Olho suavemente para o mapa do desapego,

Que mudou a geografia do meu coração.

Sou cidadão do mundo,

Não sou da minha terra.

 

O registro de nascimento,

Para aonde vou,

Não custa um tostão.

Na matemática,

Aquilo que não vale nada.

 

No mapa do desapego,

Grande surpresa superei.

Meu coração se deslocou milagrosamente para a direita.

Vivo cem anos a mais.

A ciência se espantou,

Mas não soube explicar.

 

Sou cidadão do mundo,

No mapa do desapego.

De um mundo sem fronteira.

Feito para quem superar o medo do desapego.

 

Circular por toda parte,

Onde vejo uma terra só,

Faz-me esquecer que a ousadia não seja um luxo só.

 

Os países, um bairro;

As cidades, diversas vilas.

Sem o burocrático passaporte,

Parece uma nova terra,

Em que a esperança se consolidou.

 

O mapa do desapego não é apego.

É desapego de um eu esquecido.

Eu contrário ao apego.

Eu que desfaz do que se considera seu.

O caminho a ser percorrido,

Do que era para o que será.

Para pessoas, cidades e países.

Como se olhasse para o mapa do planeta,

E visse um só país.

 

Tem história,

O mapa do desapego.

Começou com Abraão,

Que saiu da sua terra.

Bem longe foi,

Para o outro mundo.

Nunca visto antes.

Bem longe do seu,

Até então.

 

Na terra para aonde foi,

Lutou,

Batalhou e

Cresceu.

Venceu e venceu.

 

Quem duvidar, tem o direito de descrença.

Mas o homem foi a origem de muitas nações.

Israel,

Iraque,

Irã.

Tantas outras que, por ora, não cabem mencionar.

 

Outro mapa substitui o mapa do desapego.

Terrível mapa do apego.

Quanto apego ao mundo atual!

Quanta posse no papel,

Que contamina o eu!

 

Assim não sou cidadão do mundo.

O passaporte continua a existir.

Eu continuo egoísta.

Tudo tão distante do que se pode repartir,

Com aquele que não tem.

 

Estupidez pensar que sou cidadão do mundo.

Estupidez pensar que sou cidadão do meu País.

Talvez cidadão do meu bairro.

Da minha vila onde durmo todos os dias,

Onde as aves ultimamente não ouço cantar.

Bato a mão no peito.

Meu coração continua a bater do lado esquerdo.

Onde estará o mapa do desapego?

 

Brasília, DF, Brasil, 17 de fevereiro de 2018.

Mapa do  desapego. Poema de ‎Bomani Flávio.