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bar

No bar.

No bar, quanto cheiro de cuspe!

Fruído que vejo no chão.

Secreção na parede, no teto.

Cuspe misturado com cheiro de cigarro.

Cuspe claro com outro mais escuro.

Babel de cheiros e cores que atraem meu ser!

 

Porém meu outro ser ficou zangado.

Ciúmes à flor da pele.

Detesta cheiro de cuspe.

Critica o cigarro e a fumaça.

Reprova o bar,

Lugar aonde nunca foi.

 

Disparidade que tem gerado briga.

Confronto entre dois rivais,

Com sobrenome diferente,

Dentro do meu próprio ser.

Seria rival A contra B?

 

Meu ser me obedece.

Meu ser me desafia.

Rezei.

Orei.

Frequentei as novidades da meditação.

Andei nas campinas do cerrado.

Ao boteco, porém, não voltei.

Antidepressivo para um ajaulado.

 

Enfrentar-se é guerra árdua,

Pois não tem como se repartir.

Mas o cheiro de cuspe no botequim,

Secreção na parede, no teto,

Tudo saiu da boca de alguém.

De muita gente, mais com mais.

Cada secreção uma estória,

De muitos minutos,

Talvez horas,

De muita conversa.

E eu aqui, na minha controversa,

Na casa limpa e organizada,

Sem ninguém ao menos para uma conversa.

Brasília, DF, Brasil, em 24 de abril de 2018.

No bar. Poema de ‎Bomani Flávio.

sinos da igreja

Sinos da igreja, por que agitam meus ouvidos?

Barreiras, na Bahia, me fez gerar um filho, chamado o poema.

 

Sinos da igreja, melancólico som metálico.

Por que agitam meus ouvidos?

Quer se juntar ao som dos fogos de artifício?

 

Som metálico persistente.

Repetitivo tinido da tristeza,

Que vem dos sinos da igreja.

Dos cansados sinos da São João Batista,(*)

Nesta noite de uma tarde.

 

Sinos para celebrar o fim de uma vida,

Que passou por angustiante peleja,

Culminada neste dia.

 

Som que impede de andar.

Melodia que paralisa.

Som que recepciona o caixão com alguém,

Que já não é ninguém.

De quem eu não sei.

 

Velório de pequena romaria,

Na praça que era uma calmaria.

 

O que sei é que não vejo o outro caixão,

Com a consciência, o eu, o ser,

Que fazia, em outros tempos,

Aquele corpo andar, falar, chorar, rir, alegrar-se.

Correr, alimentar-se, fuder.

 

Olhei para todos os lados,

Na vã tentativa de um segundo traslado.

Olhos ansiosos que não acham o que foi descolado.

Não vi a consciência, o eu, o ser,

Que desamparou aquele corpo tão tristemente para fenecer.

 

Onde então foi sepultada a consciência, o eu, o ser,

Daquele corpo que está a jazer?

Impiedosa lei natural,

Que não exigiu a presença da consciência, do eu, do ser,

No velório do corpo que está a jazer.

 

A consciência, o eu, o ser, se falece,

Por que não está ali com o corpo a compadecer?

Quantos nascimentos, aniversários, festas,

Revelaram o eu, o ser, a consciência, que existe.

Documentos públicos, fotos, revistas e vídeos.

Havia a consciência, o eu, o ser.

Nada disso era fantasma.

Como agora também não será.

Ou será que sempre conversei com fantasma,

Revelado por triste mortuária de um corpo?

 

Pois virou obra-prima de estátua,

Que impressiona, mas não fala.

Mortuária reverenciada por choro e lágrimas.

O que está ali, não se nega, é o corpo.

Onde estará o eu, o ser, a consciência?

O sino toca novamente,

Porque o cortejo se foi.

 

Que tamanha tristeza para a consciência, o eu, o ser,

Que misteriosamente não compareceu ao velório do seu corpo!

Andar, falar, chorar, rir, alegrar-se.

Correr, alimentar-se, fuder.

Essência da vida que se ganha e se perde.

Pobre corpo que será enterrado após o triste som do sino da igreja.

Mas onde terá sido sepultada a consciência, o eu, o ser,

Daquele pobre corpo que perdeu sua cara-metade?

 

Portanto, para aonde foi a pessoa de X?

Quer dizer, o eu, o ser,

Cuja carcaça virou uma perfeita estátua,

Que não fala, não come ou não fode?

Simplesmente exala cheiro de flores,

Para em breve assustar o nariz.

 

Virou um objeto,

Sem valor algum,

A não ser para a terra,

Ansiosa pelo demorado diamante.

Quem sabe o eu, o ser,

Daquele corpo que está a jazer,

Tenha virado uma especial antimatéria,

No universo que não é azul.

 

(*) São João Batista é a catedral católica

da cidade de Barreiras, no oeste da Bahia, Brasil.

 

Brasília, DF, Brasil, em 13 de abril de 2018.

Sinos da igreja. Poema de ‎Bomani Flávio.

Equilíbrio emocional na corda de equilíbrio.

Equilíbrio emocional tem valor,

Se for para andar na corda,

Que se chama de equilíbrio.

Além de estar sóbrio,

O ser precisa de unidade.

Unidade por fora e unidade por dentro.

Bem-estar psíquico

Em comunhão com o físico.

 

Mas como ter unidade,

De corpo e alma,

Na corda de equilíbrio?

 

Pois, para me vestir, a troca de roupa,

Dezenas de vezes,

Até me cansar?

Isso não pode ser equilíbrio.

 

Seja para o trabalho,

Seja para a atividade do caralho,

A troca de roupa chegou a bizarrice.

 

O ser cansou ao despencar em desânimo.

O suor inundou o corpo.

Palavrões à vontade.

 

Como uma simples atividade rompeu a corda de equilíbrio,

Que havia dentro do meu ser?

Havia uma corda de equilíbrio,

Encravada nas entranhas do ser do meu ser.

 

Colocada lá dentro,

Sem eu perceber.

Equilíbrio interior,

Que se tem ao nascer.

 

Eu conseguia me equilibrar.

Andava naturalmente,

Vestia-me calmamente.

Sem nada a perturbar.

Vestir-me era prazeroso,

Visto a sensação de poderoso.

Poder que virou bagunça à minha frente.

Roupas amontoadas no chão.

A calça aperta que nem um louco.

A camisa sufoca mais do que o calor.

Desperdício de tempo que não me fez bem.

Virou saída de casa de qualquer jeito.

 

Não me sinto, pois, bem vestido.

Sensação de Frankenstein,

Que enfraquece a estrutura espinhal do ser.

Sistema imunológico que ganho e perco,

Na existência louca de ver e sentir.

Mas eu preciso recuperar a corda.

Preciso de mais.

 

Preciso de interação comigo.

Conhecer-me melhor.

Deleitar-me nos pequenos prazeres.

Não negar às minhas vontades,

Nem achar que são birras quaisquer.

Talvez assim eu consiga recuperar a minha unidade.

Todas dentro de uma única moeda.

Unidade por fora,

Além da unidade por dentro.

 

Brasília, DF, Brasil, 08 de março de 2018.

A corda de equilíbrio. Poema de ‎Bomani Flávio.

Os olhos estão no olhar.

Os olhos estão no olhar.

O olhar, pois, diz tudo.

O olhar às vezes não diz nada.

O poder de um olhar,

Se for aquele olhar,

Pode reconciliar tudo.

Pode não reconciliar nada.

Talvez porque dependa de como olhar.

 

O poder do olhar às vezes vai contra o outro poder do olhar.

E assim será porque os olhos são bons.

Os olhos são maus.

 

E são tantas as tonalidades.

Olhos castanhos ou pretos,

Verdes ou azuis.

 

Tonalidades que seduzem.

Cores que destroem.

Esses coelhos inventam mundos,

Mas também eliminam vidas.

Não importa a cor.

Tema das canções.

Enredo do cinema.

 

As peças ditam a moda.

Governam o mundo.

Mas, em muitos momentos, os olhos revelam o que são,

E a maldade não escolhe a cor.

 

Mesmo assim, como brilham diante do sol!

Duas janelas para me ajudar no mundo,

Dois diamantes para me expor ao mal.

Elogios nos lugares aonde vou.

Maldição que me levam aonde não quero ir.

 

Sem eu perceber, controlam minha vida.

Despertam as vontades adormecidas.

Levam-me aos mais altos prêmios.

Conduzem-me ao lamaçal,

Mesmo durante o dia.

 

É uma luta que parece desigual,

Pois cada decisão parece certa.

O resultado, às vezes, é muito mal.

 

Todos os dias interpreto o que vejo.

Seja para o bem.

Machuco a mim mesmo.

Machuco a quem me quer bem.

 

As vistas são a contradição da vida.

Ora, me faz um tremendo bem,

Ora me faz um tremendo mal.

Não posso, porém, arrancá-los,

Pois são dádiva da vida.

Preciso, na verdade, educá-los.

 

Os luzeiros são tela,

Do que eu penso,

Do que está no coração.

Resta-me então olhar para o sol.

Bem rapidamente.

 

Os reflexos cegam-me por instantes.

Se olhar demais,

Podem cegar para sempre.

Essa a luta dos coelhos.

 

Olhar por instantes ou olhar demais.

A mulher de Ló olhou demais.

Em pedra, porém, se transformou.

Olhar por instantes pode ser ruim,

Mas olhar demais talvez seja bem pior.

 

Brasília, DF, Brasil, em 31 de março de 2018.

Os olhos estão no olhar. Poema de ‎Bomani Flávio.

festa

Mereço uma festa.‎

No esconderijo da tristeza,

Pode haver festa?

Pois preparei uma bela festa,

Para recuperar meu ser.

 

Então o coração bate a mil,

Pelo som que acabo de ouvir.

O tambor do silêncio despertou meu ser,

Da libertação de um covil.

Mereço uma festa,

Pela fuga de uma tremenda floresta,

Um estranho quarto sem fresta.

Sufocamento sem fim.

Tristeza além da conta.

 

Jamais vou esquecer das quatro paredes,

Que viraram espécies de trilhas,

Com arapucas que pareciam de guerrilhas.

Eu me alegro na vitória,

Após longo tempo sem nenhuma trajetória,

No ambiente que me trouxe muita história.

O tempo do entardecer ficou para trás.

Hoje as noites e as manhãs são tranquilas.

 

Mereço uma festa,

Pois atravessei terras lamacentas,

Antigos oceanos,

Debaixo de sol escaldante de avermelhar a pele.

Tudo isso dentro de quatro paredes,

Na minha casa.

 

Essas coisas ninguém vê.

Não tem testemunha para contar.

Nas minhas exaustivas andanças,

A minha pele morena ficou branca,

Que ficou negra,

Que ficou amarela,

Que ficou morena.

 

Senti a soberba,

Senti o sofrimento,

Senti a riqueza,

Senti a tradição,

De cada cor.

 

Posse que podia ser todo o dia.

A cor da pele, no planeta, é tudo.

Talvez um dia deixe de ser.

Restam fragmentos do quarto,

Que deixei para trás.

 

Devo celebrar a fuga,

De uma prisão com endereço só para mim.

Não havia lei,

No silêncio em que eu me exilei.

 

Não vou querer outro silêncio.

Voltar seria ameaça para calar o ser.

Quarto é para dormir.

É para desfrute do ser.

Prisão só vai aborrecer.

Calar os movimentos e abater.

 

Mas uma lei vou promulgar.

Em tudo o que eu fizer,

Se redundar em alegria,

Vou fazer uma festa,

Para me conquistar.

 

Eu mereço uma festa.

E ousarei com o evento.

Convidarei somente as pessoas que não conheço.

Será uma festa de fraternidade sem elo.

O preço pela vitória.

 

Pode o coração bater a mil,

Pois escapei dos grilhões,

Onde deixei as convicções.

Venci paranoias nesse funil.

Mereço uma festa,

Por vencer uma vida funesta.

 

Brasília, DF, Brasil, em 30 de março de 2018.

Mereço uma festa. Poema de ‎Bomani Flávio.

poema sobre boca

Há um zíper que fecha minha boca.

Há um zíper que fecha a minha boca.

Zíper que acarreta um tremendo cala-boca.

Não importa o limão.

Por que não consigo abrir minha boca

Para falar sobre mim?

Porque há um zíper que fecha a minha boca.

Estranho horizonte assombrando meu rosto,

Que não é de desgosto.

 

Zíper que revela um conselheiro,

Tremendo filho da puta!

Pois às vezes me transforma em herói,

Outras vezes me ajuda a conseguir façanhas incríveis.

 

Mas, em muitos momentos, é horrível comigo.

Suja meu nome na praça do João ninguém.

Leva-me a fazer coisas impensáveis,

Como se eu não precisasse de ninguém.

 

Faz-me pensar que a hora da morte chegou.

Assim com aviso prévio

E todo o pacote para assustar.

 

Intimidade assombrosa

Que às vezes me deixa velho,

Já que a cara jovem não tem nada de calma.

Pentelho cruel,

Cujo último ataque fechou minha boca.

Deixou minha cara com feição de cala a boca.

Emparedamento que me leva a ficar mais em casa do que na rua.

 

Intermináveis dias com a boca fechada.

Mesmo assim, resta-me apenas a indagar-me.

Por que não consigo abrir minha boca para falar sobre mim.

Estou para explodir de tensão.

Vulcão acordado que brinca em me aterrorizar.

Luta que parece durar vinte e quatro horas.

 

Emocional instável que pode virar tudo,

Exceto um ser com coesão.

Por que não consigo abrir minha boca para falar sobre mim?

Na ponta da língua, encontro respostas.

 

Há um zíper que fecha minha boca.

Há um zíper que me impede de falar.

Maldito zíper que chegou sem avisar.

Instalou-se durante meu sono irregular.

Tornei-me retraído e encurralado.

Tenho boca, mas não posso falar.

 

Mas permite que eu abra a boca para tantas coisas.

Para comer ou escovar os dentes.

Passar o batom ou beijar.

Falar sobre política ou roer as unhas.

 

Menino sorriso vai perdendo espaço para o menino sombrio.

Mas, mesmo assim, ecoa uma voz a pedir.

Por que não consigo abrir minha boca para pedir socorro?

 

Bem que tento usar as mãos para remover a peça,

Que muda estranhamente de cor.

Como agora que está prateada.

Costurou minha boca sem eu perceber.

 

Maldito zíper que chegou sem avisar.

Tudo por causa do ontem da semana passada,

Evento que criou o funesto zíper.

Peça de calça ou bermuda se desprendeu,

Não se de qual roupa,

Se da minha ou de alguém,

Para se fixar na minha boca.

 

Boca fechada faz mal à saúde.

Espeta o ser e destrói o corpo.

Faz bem confessar.

Abrir-se para os medos assustar.

 

Há um zíper que fecha minha boca.

Há um zíper que me impede de falar.

No desespero, ao pedir por socorro,

Alguém veio me ajudar.

Alguém que entende de linguagem,

Surpreende linguagem de sinais,

Conseguiu o zíper arrancar.

 

O estranho horizonte dissipou-se,

E eu fiquei para falar.

Quanto mais eu me abrir,

Mais o zíper distante vai ficar.

 

Brasília, DF, 17 de março de 2018.

Zíper que fecha minha boca. Poema de ‎Bomani Flávio.

Profeta do dia de ontem.

Sou profeta ou vidente.

Sou, porém, profeta do dia de ontem.

Sei fazer todos os prognósticos do dia de ontem.

De dias anteriores.

Dos meses anteriores.

Dos anos anteriores.

 

Inclusive de décadas e séculos passados.

Essa é a minha especialidade.

Pertenço a ordem de antigos sábios,

Sem linhagem específica.

 

Podem me procurar,

A qualquer momento,

Que direi todos os seus segredos,

Seus medos.

 

Minha matéria é a vida pretérita.

Cálculos de sucesso dos negócios.

Da vida amorosa.

Faço tudo.

Sou adivinho do dia de ontem.

Sou vidente de um mundo adverso.

 

Mas, por favor, não me procurem sobre o amanhã.

Não sou vidente do amanhã.

Não me procurem porque não tenho fontes que me dê tamanha autoridade.

 

Não faço prognóstico baseado na incerteza.

Falta-me elementos para matéria da vida futura.

Não saberia associar evento a com evento b.

Nem evento b com evento a.

Os sonhos poderiam me ajudar,

Mas nada sei sobre a oniromancia.

Inabilidade que não me geraria autoridade.

 

Se eu falasse sobre o dia do amanhã,

A universidade da certeza não me aceitaria.

Minhas pupilas se dilatariam.

As batidas do coração sairiam dos meus ouvidos.

Minha especialidade não é o dia do amanhã.

Profetizo o que conheço.

Não sou vidente dos dias futuros.

 

Mesmo me julgando profeta do dia de ontem,

Acho que nem assim sou arauto confiável.

Será que saberia a data da fundação da Terra?

Do que é feita a parte escura do universo?

 

A noite vejo o cintilar das estrelas e a parte escura.

Será que eu saberia dizer como o sol surgiu?

Por que tinha que ser uma bola de fogo?

 

Quase todos os dias, no entanto, a estrela queima um pouco minha pele.

Rebato, às vezes, com protetor solar.

Por que só se entra na Terra pelo nascimento?

Por que para sair, para sempre, tem que morrer?

Respostas que talvez apareçam no futuro.

O porvir, como disse, não é minha matéria.

O passado é que é minha matéria.

O futuro não conheço.

Passado e futuro próximos.

Separados por fração de segundos,

Com milhares de tempo entre eles.

Tempo que sei e não sei.

 

Mas, nem por isso, sou vidente do futuro.

Como visto, talvez eu seja profeta de tantas perguntas,

Milhares de perguntas,

Que, mesmo assim, não tenho respostas.

 

Brasília, DF, Brasil, 04 de março de 2018.

Profeta. Poema de ‎Bomani Flávio.

mudança de paisagem

Mudança de paisagem.

Mudança de paisagem é fenômeno que acontece.

Mudança de paisagem pode acontecer em cenário,

Que às vezes nem você conhece.

Mudança de paisagem pode atingir o seu esperado amanhecer,

Com trincas, terríveis trincas, de estarrecer o novo horizonte onde você está.

 

O cenário pode ser a cidade onde mora;

A casa onde habita;

O relacionamento com o cônjuge, os filhos, familiares e amizades;

A vizinhança;

A roupa, o batom, o calçado;

O passar da idade.

 

Paisagem tranquila que pode levar a qualquer um a consciência intranquila.

O quente do sol virar violenta nevasca,

De arrebentar o mais confortável lençol feito de casca.

 

Quantos cenários para surpreender e entristecer o ser!

Cenários que podem bagunçar a cabeça.

Inclusive machucar você.

Piora se a neve ou a nevasca for além da sensível pele.

Direções para norte a sul, leste a oeste,

Apontarem para destinos que, na verdade, serão verdadeiros testes.

 

Capaz disso tudo deixar você à flor da pele.

Melhor seria voltar atrás,

Para voltar à paz dos tempos do sol.

Ambientes em sintonia com a felicidade.

O fogo queima a ansiedade.

 

Mas testar a felicidade em ambiente hostil,

Vira risco para atitude vil.

Transição de tempo sempre haverá.

Cenários velhos ficam,

Cenários novos surgem.

 

O giro do planeta ao redor do sol muda a paisagem como um bruxo,

Que encanta as pessoas com a promessa de paisagem do luxo.

Parabéns ali,

Parabéns acolá.

Alegria temporária.

O resultado é nova paisagem no ser.

 

Mudança de paisagem tem seu preço.

Inundações podem assombrar.

Altas temperaturas podem esquentar demais.

Cobertores podem não esquentar.

 

O preço da mudança está no preço.

Se tiver medo da nova paisagem,

Conveniente olhar para todos os lados.

Talvez encontre uma brecha,

Para voltar atrás.

 

Se não encontrar,

Pode ser que tudo seja miragem dos olhos cansados.

Do cotidiano que surpreende com alegria e dor.

Lembre-se que mudança de paisagem é fenômeno que acontece.

 

Brasília, DF, Brasil, 03 de março de 2018.

Mudança de paisagem. Poema de ‎Bomani Flávio.