O oceano.
Há um oceano,
Entre um dia e outro,
Do tamanho do Atlântico,
Que nos impede de voltar
Ao dia anterior.
Quanto mais se passam os dias,
Quanto mais cresce sua imensidão.
Não adianta chorar,
Nem lamentar,
Pelo dia anterior.
Resta olhar para frente
Como aquele avião que se vai.
Para travessia sem fim.
Ilusão que satisfaz e engana.
Mas o dia posterior também é de assustar.
Pelos menos há rios e lagoas.
Talvez menores,
Para avançar.
Se não se pode voltar,
Medo não se pode ter para avançar.
Vastidão como esse,
Tão grande assim,
Ninguém esquece.
Nasce com ele,
E morre assim.
Talvez algum dia a geografia mude.
Ele de vez apareça.
Sempre virá do dia anterior,
Onde sempre foi seu lugar.
Há um oceano,
Entre um dia e outro.
Cresce, porém, dia a dia,
Para assustar você.
Oceano indomável.
Embora tão grande,
Quase ninguém vê,
Nem percebe.
Quando se nota,
Sobram as rugas.
Terríveis rugas do envelhecer.
Tatuagens de um dia que se foi.
Mistério que ninguém explica.
Brasília, DF, em 03 de outubro de 2017.
Oceano. Poema de Bomani Flávio.
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