Peixes no mar e o pescador.
Como peixes no mar.
Somos como peixes no mar,
Que é belo lugar.
Mas vem o impiedoso pescador,
Joga o anzol,
E somos apanhados do mar.
Apanhados sem piedade.
Mas pergunta para o peixe,
Nunca gostaria de sair do mar.
Sai contra a vontade.
O desejo é flutuar nas águas,
Sem ameaças do anzol
E de ninguém mais.
Tudo porque somos peixes.
Nadamos na água.
Vivemos na água.
Ali é a nossa vida.
Nosso passado.
Nosso futuro.
Mas, no fim, de quem é o futuro?
Do implacável pescador.
Isso acontece sempre.
Tudo que ornamenta atrai os olhos
Do ambicioso pescador.
Não importa o lugar.
Haverá sempre o pescador,
Que vive fora da água,
Para a presa pescar.
Pescador invisível.
Não importa o que fizemos.
Joga o anzol
E nos tira do mar.
Com isca ou sem isca,
Somos tirados do mar.
Sem piedade.
Simplesmente para virar peixe estraçalhado,
Peixe congelado,
Peixe fresco,
Seja em supermercado,
Açougue ou na feira.
Talvez até de um ninho de uma colina.
Às vezes até de um bicho qualquer.
Peixe que vai para a boca.
Que vai para o lixo.
Essa é a vida de todo o peixe:
Virar comida do predador.
Mas o que todo peixe quer é libertar-se.
Viver para sempre sob as águas.
Livre do predador.
Mas como matar o predador?
Tirá-lo da terra e
Empurrá-lo para dentro do mar.
Assim sentirá na pele a vida de um peixe.
Se não der certo,
Talvez inverter o caminho.
Aprender a andar sobre a terra,
Para matar o predador.
Tão enigmático quanto às origens do universo.
Brasília, 30 de dezembro de 2018.
Peixes no mar e o pescador. Poema de Bomani Flávio.
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