Filho da puta, o medo da morte. Como superar?
Filho da puta, o medo da morte.
Estou andando há tempo sem norte.
Tenho vivido muito assustado,
Por causa do medo da morte.
Medo dessa espécie exauri a mente,
Mesmo de quem se acha forte.
Exaurimento que não se sabe como vem.
Se ficasse apenas no instinto,
Tudo ficaria bem.
Mas o medo da morte às vezes supera o instinto.
Vulnerabilidade que deixa meu ser assustado,
A ponto de me deixar extremamente desajustado.
Puta que, ao longo do dia, não vai fenecendo.
Apesar do assombro do medo da morte,
O que mais quero, afinal, é viver.
E viver e viver com intensidade,
Mesmo com a ajuda do Rivoltril.
Ansiolítico que consumo para me tranquilizar.
Então isso não pode ser apenas instinto!
O medo da morte é, pois, um complexo labirinto.
Mas o que será a morte para tanto medo?
Ser invisível que não se ver.
Existência que não se questiona.
A vida oferece sonhos.
A danadinha brinca de tirá-los.
Bem sei que não sei.
A morte é um bem,
Simplesmente um bem,
Rejeitada por cem.
Mas quando gera receita,
Quem aplaude essa tremenda filha da puta?
Mas o que será a morte?
Bem sei o que sei.
Melhor resposta vem do rato,
Que vira espécie de brinquedo.
Objeto que se transforma em comida.
A presa sabe quem é o predador.
O corpo treme.
Sente calafrios.
Fica paralisado.
O rato sabe porque sabe.
O instinto do medo.
Porém há aqueles que nada sabe.
Mas a morte é bem maior do que um gato.
Ela é do tamanho do universo.
Para matar usa qualquer artefato,
Inclusive o próprio gato.
Ela adora a vida no anonimato,
Mas também adora usar qualquer artefato.
Se a morte é do tamanho do universo,
Eu queria ser um multiverso.
Assim seria maior do que a morte.
Não teria medo,
Nem estalos no pescoço.
Andando nesta rua que ficou de repente tão solitária,
O que mais quero é viver.
Filho da puta, o medo da morte.
Embora pareça o maior ser do universo,
Assume a forma de qualquer objeto.
Como aquela caixa do Rivoltril,
Guardada no armário.
Se eu me livrar do ansiolítico,
E se eu conseguir,
Talvez eu deixe de ser tão raquítico.
Eu me tornaria maior do que o medo da morte?
Brasília, DF, Brasil, em 09 de agosto de 2018.
Filho da puta, o medo da morte. Como superar? Poema de Bomani Flávio.
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Excelente reflexão. Realmente o melhor mesmo é enfrentar o medo do medo de sentir medo. Tudo vira um arremedo.