O sentimento de culpa entrou pela janela.
Que sentimento de culpa é esse
Que está entrando
No interior do meu ser?
O vento diz que é a tamanha tristeza,
Estranha tristeza,
Que está a ameaçar meu ser.
Insistiu tanto que abateu meu ser,
Sem arma nenhuma para se defender.
Sentimento que virou uma corda.
Invisível corda.
Menos brinquedo para eu brincar.
Como será essa corda?
Como será esse nó?
Corda branca, azul, vermelha?
Grossa ou fina?
Peça pequena ou grande?
Nó mal feito ou bem feito?
Puta que pariu!
Basta ser uma corda,
Que machuca o ser.
Corda que gera uma dor de parto,
Para gerar sabe-se lá o quê.
Dor que aumenta a cada dia.
Se não aumentasse,
Ao menos eu gritaria.
Sentimento de culpa vagabundo!
Possibilita a satisfação dos desejos,
Por causa das inúmeras ofertas.
Mas o livre-arbítrio libera a culpa,
Que meu ser não imaginava ter.
Agora sente que virou um adulto capenga,
Que não sabe lidar com a culpa.
Se tem liberdade e é adulto, por que o sentimento de culpa?
Se a própria natureza liberou para ser um adulto,
Por que então o nó da corda no meio das entranhas?
Tristeza, estranha tristeza, que abate o ser.
Abate tanto que o sentimento de culpa foi crescendo, crescendo,
Até surgir um nó, nó de corda, para assustar o ser.
Desse jeito, como lidar com o nó nas entranhas,
Que entrou pela janela e transformou-se em corda?
Preciso descobrir como desatar esse nó.
Duas mãos, com extrema dificuldade, talvez consigam fazê-lo.
Quatros mãos podem muito mais.
Se o nó for extremamente difícil,
Uma rede de mãos pode ajudar.
Brasília, DF, Brasil, em 06 de julho de 2018.
Sentimento de culpa que abate o ser. Poema de Flavio di Fiorentina.