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Perfume que brota do chão.

É meia noite. Tempestade de primavera se aproxima.
Os pássaros em risco de extinção querem voar, e eu quero dormir.
Brasília, 16 de outubro de 2012.”

 

Há um perfume,

Que brota do chão,

Que faz milagre

E revigora as narinas

De quem cheira.

 

O verdadeiro perfume,

No cotidiano imprevisível,

Que se abre como uma cortina todos os dias,

Como toda essência pura que sai da terra bruta,

Pede licença para envolver você.

 

O bálsamo que brota do chão junta a comunidade na praça.

Acalma os pés nos transportes e não os entorta.

Afasta o olhar desconfiado,

De quem quer que seja.

Também não causa torcicolo no frágil pescoço.

 

Mas a fragrância feita por mãos estranhas pouco gente aprecia.

É veneno que faz mal à comunidade e às praças.

Coisa de bandoleiro que destrói o corpo.

Sarna que coçará a alma.

 

O cheiro, que brota do chão,

Vem das raízes da terra,

E conquista a pessoa ao lado.

 

A essência feita por mãos estranhas,

Ainda que venha do chão e faça raízes,

Machuca as mãos e dilacera o corpo.

Pode até mudar o comportamento de alguém,

Mas sem a sutileza do verdadeiro perfume.

 

Bálsamo que é a fragrância que brota do chão cumprirá seu natural papel.

Mesmo que, por descuido, caia em mãos estranhas,

O cheiro do verdadeiro odor, porém,

Dificilmente manipulará as narinas de quem cheira.

Muitos menos deixará em dúvida

Os olhos daqueles que apreciam.

 

Brasília, 12 de outubro de 2017 às 06:45

Texto publicado orignalmente em 21 de outubro de 2012.

Perfume que brota do chão. Poema de Bomani Flávio.