Estranha lua de pedra.
Todo dia é dia de lua.
Mas aquela estranha lua de pedra,
Que paira sobre meu quintal,
Também será de todo o dia?
Duas luas assim tão opostas
Não podem andar juntas.
Nem de dia, nem de noite,
Porque nem de longe formam conjunto.
Mas como a lua natural tem seu trajeto,
Todos sabem seu dialeto.
Mesmo no mais distante País,
Não importa o alfabeto.
Quem não conhece suas marés?
O benefício singular das suas fases
De encantar gerações a gerações?
A natural é tema de muitas canções.
Oposta é a lua de pedra.
Sempre com os olhos fechados,
Fingindo que nada vê.
Mas qual será seu dialeto?
Assombrar a vida mental
De quem estiver no quintal.
Quanto mais conturbada a vida mental,
Mais devastada a área ambiental.
Aliás, quem pariu este assombroso ser,
Que, no meu quintal, parece tão transcendental?
Quintal que não vê,
Além dos olhos,
Talvez pouco ou nada verá.
Quem pariu talvez sejam os olhos,
Que ambicionam quase tudo o que vê.
É preciso proteger o quintal.
Às vezes de maneira brutal.
Talvez assim a assombrosa lua pedra abra os olhos.
Mas viver uma vida fingida ninguém merece.
Isso afeta a vida mental.
Atrai a lua de pedra,
Que finge a ninguém vê.
Brasília, 05 de dezembro de 2019.
Estranha lua de pedra. Poema de Bomani Flávio.