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Estranha lua de pedra.

Todo dia é dia de lua.

Mas aquela estranha lua de pedra,

Que paira sobre meu quintal,

Também será de todo o dia?

 

Duas luas assim tão opostas

Não podem andar juntas.

Nem de dia, nem de noite,

Porque nem de longe formam conjunto.

 

Mas como a lua natural tem seu trajeto,

Todos sabem seu dialeto.

Mesmo no mais distante País,

Não importa o alfabeto.

 

Quem não conhece suas marés?

O benefício singular das suas fases

De encantar gerações a gerações?

A natural é tema de muitas canções.

 

Oposta é a lua de pedra.

Sempre com os olhos fechados,

Fingindo que nada vê.

Mas qual será seu dialeto?

 

Assombrar a vida mental

De quem estiver no quintal.

Quanto mais conturbada a vida mental,

Mais devastada a área ambiental.

 

Aliás, quem pariu este assombroso ser,

Que, no meu quintal, parece tão transcendental?

 

Quintal que não vê,

Além dos olhos,

Talvez pouco ou nada verá.

 

Quem pariu talvez sejam os olhos,

Que ambicionam quase tudo o que vê.

É preciso proteger o quintal.

Às vezes de maneira brutal.

 

Talvez assim a assombrosa lua pedra abra os olhos.

Mas viver uma vida fingida ninguém merece.

Isso afeta a vida mental.

Atrai a lua de pedra,

Que finge a ninguém vê.

 

Brasília, 05 de dezembro de 2019.

Estranha lua de pedra. Poema de Bomani Flávio.

Energia

Se estiver sem energia, vá para Kizur.

Sexta-feira, 27/09/2019.
Dia começa com surpreendente
relato de ex-procurador-geral
sobre tentativa contra ministro da suprema corte.
(*) O que será que há por trás das vontades?

Vá para o topo do Kizur,

A montanha da vida.

Se estiver sem energia,

Para um novo amanhã,

Não esqueça de Kizur,

Para sarar a ferida.

 

Mas somente se for para aquela dor

Que não cura de noite,

Nem de dia.

 

Corra para Kizur,

Onde o dia sempre vira sol,

A noite sempre vira lua.

Talvez assim consiga a harmonia,

De que tanto busca e precisa.

 

Pois Kizur trabalha com ferida,

Daquelas que impedem qualquer corrida.

Dor que perturba como pimenta,

Machuca que nem ferro quente,

Mas ninguém vê,

A não ser o próprio ser,

Que chora e demasiadamente sente.

Ferida assim trabalha com a noite e o dia,

Em vaivém para acabar com a harmonia.

 

A bendita harmonia

Que pode não haver,

Durante o ano ou meses,

Semanas ou dias.

Tudo para confundir o desorientado ser,

Que antes regia-se por acordes e melodia.

 

Portanto, em tempos de vulnerabilidade,

Ninguém merece ser formiga,

De forma a carregar o mundo,

Não nas costas, mas na barriga.

 

Caso o ser não se recomponha,

Da ferida que abate a harmonia,

Estranhos fungos o tragarão.

O ser não pode, ainda vivo, se decompor,

Poque não é zumbi,

Quem se decompõe andando, vendo e cheirando.

 

 

Então corra para o topo do Kizur,

A montanha da energia.

Templo do desapego aos amores,

Das riquezas ou dos devaneios.

Montanha mais alta do que o Everest,

Quase dez vezes mais alta,

Porém acessível a qualquer um.

 

Mas caso não queira ir para o topo do Kizur,

Chegue ao menos até ao acesso.

Tente colocar os dois pés.

Quem sabe assim sinta que a vida tem montanhas,

De graus e tamanhos diferentes,

Mas talvez não seja para qualquer um.

 

Brasília, DF, em 27 de setembro de 2019.

Se estiver sem energia, vai para Kizur. Poema de Bomani Flávio.

Auschwitz

Auschwitz da energia cinza – Campos de concentração.

Auschwitz da neve branca.

Auschwitz da energia cinza.

Que chaminés são aquelas,

Que soltam estranha fumaça?

 

São a intensa energia cinza,

Que vem das concentrações.

Dos tristes campos de Auschwitz.

 

Será que os espaços estão diminuindo,

Para haver tanta cinza fumaça?

Muita concorrência,

Para pouca riqueza?

 

Anda ônibus, anda rápido.

Estou vendo muita fumaça.

Muitas ameaças podem ocorrer.

Como aquelas de Auschwitz.

 

Os empregos minguando.

A superpopulação assombrando.

Vacinas com cara de ovelha.

 

Espectros para eliminar os pobres,

Os doentes e os feios?

Tudo assombra para uma única direção:

O passado sombrio assusta,

Por causa da contaminação.

 

Muito mais nefasto podem ser os algoritmos,

Que descobrem buracos negros.

Os códigos podem matar,

Sob as mãos não forem boas.

 

Os tempos poderão ser, pois, extremamente difíceis.

Os arames farpados, pois, ficariam para trás.

 

Sangrentos utensílios de cozinha,

De um mundo exigente,

Que odeia divisão,

Mesmo havendo muitos espaços.

 

Anda ônibus, anda rápido.

Estou lutando por espaços.

Luta que começa no ônibus cheio,

E termina em vaga já ocupada.

 

Talvez surja a seguinte esperança:

Chaminés no passado,

Porém muitos espaços no presente.

Que as chaminés sejam para churrasco.

Não para resolver problemas de espaços.

 

Então desço do ônibus,

Para buscar pedacinho de espaço.

Não para ser vítima dos espaços.

 

Auschwitz da neve branca.

Auschwitz da energia cinza.

O mundo gira em torno dos espaços.

Ouro que demasiadamente assombra.

Aliás, tudo assombra o ser de dentro,

Assombra também o ser de fora,

Na busca constante por espaços.

 

Auschwitz da energia cinza.

Energia que foi embora.

Esfarelou o ser de fora.

Acabou levando também o ser de dentro.

 

Energia cinza que felizmente foi embora.

Substância, porém, que pode voltar

Por causa dos muros,

Que existem para machucar.

Mesmo com novas cores.

 

Brasília, DF, em 24 de março de 2019.

Auschwitz da energia cinza. Poema de Flavio Fiorentina.