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Equilíbrio

Uma capa para preservar o equilíbrio.

Quando eu terminava o texto do poema, curiosamente
li a seguinte notícia em imprensa eletrônica no dia
10/09/2019:
“Morre iraniana [Sahar Khodayariu] incendiou o próprio corpo após
ser processada  por tentar entrar em estádio de futebol” (*)

 

Capa para preservar o equilíbrio.

Presa fácil dos medos

E de outros perigos.

Preciso de uma capa,

Com urgência,

Para preservar meu equilíbrio.

 

Mas como conseguirei o almejado bem-estar,

Se no lugar onde moro,

Trabalho ou passeio,

Tudo transpira perigo?

 

E caso o sistema seja muito arredio,

O ser precisará de uma capa,

Contra as turbulências do destino.

Turbulências geradas pelo sistema,

Dona, infelizmente, do destino.

 

Turbulências que mataram Sahar Khodayari,(*)

Iraniana do destino.

Vítima do sistema,

Manipuladora do destino.

 

Antes que surja novamente uma nova Sahar Khodayari,

Que se vestiu de homem para assistir a um jogo,

Melhor não se vestir escondido.

 

Camuflar pode ser uma artimanha do destino.

Dominado por um sistema opressor das pernas,

Dos olhos ou das mãos,

Que está se lixando para o equilíbrio.

 

Por isso é necessária uma preciosa capa,

Para preservar o equilíbrio.

Bem-estar psíquico,

Para unir o ser por dentro.

Ser que engane as artimanhas do destino.

Estratégias certas,

Para não perder o tino.

 

Mas nunca será tarde para ter uma capa,

Para preservar o ser,

Contra as turbulências do destino,

Manipulado pelo sistema.

 

Assim, agir friamente contra o sistema,

Manipuladora do destino.

Onde haja sistema,

Mínimo que seja,

Será necessária uma capa,

Para preservar o equilíbrio.

 

Do contrário, o ser criará seu próprio sistema,

Sem defesa alguma,

Que o poderá engoli-lo por inteiro.

 

Brasília, DF, em 10 de setembro de 2019.

Uma capa para preservar o equilíbrio. Poema de Bomani Flávio.

Equilíbrio emocional na corda de equilíbrio.

Equilíbrio emocional tem valor,

Se for para andar na corda,

Que se chama de equilíbrio.

Além de estar sóbrio,

O ser precisa de unidade.

Unidade por fora e unidade por dentro.

Bem-estar psíquico

Em comunhão com o físico.

 

Mas como ter unidade,

De corpo e alma,

Na corda de equilíbrio?

 

Pois, para me vestir, a troca de roupa,

Dezenas de vezes,

Até me cansar?

Isso não pode ser equilíbrio.

 

Seja para o trabalho,

Seja para a atividade do caralho,

A troca de roupa chegou a bizarrice.

 

O ser cansou ao despencar em desânimo.

O suor inundou o corpo.

Palavrões à vontade.

 

Como uma simples atividade rompeu a corda de equilíbrio,

Que havia dentro do meu ser?

Havia uma corda de equilíbrio,

Encravada nas entranhas do ser do meu ser.

 

Colocada lá dentro,

Sem eu perceber.

Equilíbrio interior,

Que se tem ao nascer.

 

Eu conseguia me equilibrar.

Andava naturalmente,

Vestia-me calmamente.

Sem nada a perturbar.

Vestir-me era prazeroso,

Visto a sensação de poderoso.

Poder que virou bagunça à minha frente.

Roupas amontoadas no chão.

A calça aperta que nem um louco.

A camisa sufoca mais do que o calor.

Desperdício de tempo que não me fez bem.

Virou saída de casa de qualquer jeito.

 

Não me sinto, pois, bem vestido.

Sensação de Frankenstein,

Que enfraquece a estrutura espinhal do ser.

Sistema imunológico que ganho e perco,

Na existência louca de ver e sentir.

Mas eu preciso recuperar a corda.

Preciso de mais.

 

Preciso de interação comigo.

Conhecer-me melhor.

Deleitar-me nos pequenos prazeres.

Não negar às minhas vontades,

Nem achar que são birras quaisquer.

Talvez assim eu consiga recuperar a minha unidade.

Todas dentro de uma única moeda.

Unidade por fora,

Além da unidade por dentro.

 

Brasília, DF, Brasil, 08 de março de 2018.

A corda de equilíbrio. Poema de ‎Bomani Flávio.