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origem da vida

Origem da vida: como a vida chegou na Terra?

Este é o planeta Terra, ponto de partida para a vida.

Existência que gera angustiante pergunta:

Como a vida chegou na Terra?

Como eu entrei neste planeta?

 

Mas o voo da estação espacial internacional soa nos olhos de um poeta,

Na imensidão que assombra a imaginação de qualquer caneta,

Que refaz as perguntas:

Como a vida chegou na Terra?

Como eu entrei neste planeta?

 

A resposta está na barriga.

Para entrar no planeta Terra,

Deve haver uma barriga.

Outro requisito não há.

Do contrário, não vai entrar.

 

Mas como a barriga entrou no planeta?

A resposta está na ponta da língua.

Só pode ter sido por outra barriga.

 

A barriga gerou outra barriga.

A favor do fato há documento,

Que declara meu nascimento,

Por meio de uma barriga.

 

Como a vida chegou na Terra?

A favor do fato há o fato.

Entrei no planeta por meio da barriga.

Poderoso e frágil ventre de minha mãe.

Do contrário, como teria entrado?

 

Por isso sobrevoe sonda, satélite, estação internacional espacial.

Seja lá o que for.

Sobrevoe sobre os mares e os pedaços de terras.

Revele o azul, o marrom ou o branco.

Cores predominantes em imensas paisagens de encanto.

 

Revele que este é o planeta Terra, ponto de partida para a vida.

Mostre tudo lá de cima,

Mas não desminta,

Para não me envergonhar,

Que a vida começou na barriga.

 

Do contrário, como entrei no planeta?

Como a vida chegou na Terra?

A vida começou na barriga.

 

Entrei no planeta Terra por uma barriga.

A barriga da minha mãe.

Um ser chamado mulher.

 

Sobrevoe sonda, satélite, estação internacional espacial.

Seja lá o que for.

Revele o mundo sob outra perspectiva.

Mostre que este é o planeta Terra, ponto de partida para a vida.

 

A origem da vida começou na barriga.

A origem da vida continua na barriga.

Abençoada barriga da mulher.

 

Como a vida chegou na Terra?

A vida chegou na barriga.

Somente se entra no planeta pela barriga,

Maravilha que não pode ser maldição.

Sou neto,

Sou filho,

Sou pai,

Sou mãe,

Sou avó, avô.

Entrei pela barriga.

Abençoada barriga que gera outra barriga!

 

Sobrevoe estação internacional espacial.

Sobrevoe porque, neste planeta,

Tudo começa na barriga.

O nascimento que gera a vida.

Regra misteriosa da natureza,

Que me leva a repetir.

 

Como a vida chegou na Terra?

A resposta está na barriga.

 

Mas surge-me uma indagação da quântica ignorância minha.

E fora da barriga,

Será que há vida?

 

Esta pergunta veio assim porque agora estou na rua.

Solitária e escura rua em que estou sozinho comigo mesmo.

Este é o planeta Terra, base para tantas perguntas da vida.

 

Brasília, DF, Brasil, 22 de fevereiro de 2018.

Origem da vida: como a vida chegou na Terra? Poema de ‎Bomani Flávio.

mapa do desapego

Mapa do desapego.

Olho suavemente para o mapa do desapego,

Que mudou a geografia do meu coração.

Sou cidadão do mundo,

Não sou da minha terra.

 

O registro de nascimento,

Para aonde vou,

Não custa um tostão.

Na matemática,

Aquilo que não vale nada.

 

No mapa do desapego,

Grande surpresa superei.

Meu coração se deslocou milagrosamente para a direita.

Vivo cem anos a mais.

A ciência se espantou,

Mas não soube explicar.

 

Sou cidadão do mundo,

No mapa do desapego.

De um mundo sem fronteira.

Feito para quem superar o medo do desapego.

 

Circular por toda parte,

Onde vejo uma terra só,

Faz-me esquecer que a ousadia não seja um luxo só.

 

Os países, um bairro;

As cidades, diversas vilas.

Sem o burocrático passaporte,

Parece uma nova terra,

Em que a esperança se consolidou.

 

O mapa do desapego não é apego.

É desapego de um eu esquecido.

Eu contrário ao apego.

Eu que desfaz do que se considera seu.

O caminho a ser percorrido,

Do que era para o que será.

Para pessoas, cidades e países.

Como se olhasse para o mapa do planeta,

E visse um só país.

 

Tem história,

O mapa do desapego.

Começou com Abraão,

Que saiu da sua terra.

Bem longe foi,

Para o outro mundo.

Nunca visto antes.

Bem longe do seu,

Até então.

 

Na terra para aonde foi,

Lutou,

Batalhou e

Cresceu.

Venceu e venceu.

 

Quem duvidar, tem o direito de descrença.

Mas o homem foi a origem de muitas nações.

Israel,

Iraque,

Irã.

Tantas outras que, por ora, não cabem mencionar.

 

Outro mapa substitui o mapa do desapego.

Terrível mapa do apego.

Quanto apego ao mundo atual!

Quanta posse no papel,

Que contamina o eu!

 

Assim não sou cidadão do mundo.

O passaporte continua a existir.

Eu continuo egoísta.

Tudo tão distante do que se pode repartir,

Com aquele que não tem.

 

Estupidez pensar que sou cidadão do mundo.

Estupidez pensar que sou cidadão do meu País.

Talvez cidadão do meu bairro.

Da minha vila onde durmo todos os dias,

Onde as aves ultimamente não ouço cantar.

Bato a mão no peito.

Meu coração continua a bater do lado esquerdo.

Onde estará o mapa do desapego?

 

Brasília, DF, Brasil, 17 de fevereiro de 2018.

Mapa do  desapego. Poema de ‎Bomani Flávio.

 

preconceito racial

Venda no dia internacional contra o preconceito racial.

Hoje é o Dia internacional contra o preconceito racial.

A celebração parece bem real.

Escrevi a frase durante sete dias,

Na faixa de sete metros,

Dentro do meu pequeno quarto.

 

Se tiver braço negro ou branco,

Amarelo ou índio,

Não sei qual será a cor do braço,

Vou estendê-lo na praça,

Para combater a discriminação racial.

Praga animal,

Que vem dos lindos olhos do anjo bom

E também do anjo mal.

 

Esticarei meu braço,

Com o punho fechado, bem na praça central da cidade,

Para anunciar que hoje é um dia para lá de especial.

Dia internacional contra a discriminação racial.

Chamarei pessoas solidárias,

Não importa a cor do braço,

Para colocar venda nos olhos.

Vergonha é para sentir,

Lá no fundo do coração,

De quem não filtra o juízo do valor.

Tudo no dia internacional contra a discriminação racial.

 

A venda nos olhos é para encobrir as vestes nuas,

De quem acha que tem olhos bem vestidos.

Pessoas poderão doar sangue,

Para ajudar o hemocentro da cidade.

Não importa o tipo sanguíneo,

Todos verão que a cor do sangue,

Só remete ao vermelho,

Substância que deixa todos na mesma cor,

Já que extingue o preconceito no momento da dor.

 

Hoje é o dia internacional contra a discriminação racial.

Data desnecessária,

Se a intolerância não imitasse a onda do mar,

Que vai e vem, para arrebentar-se,

Contra os corações, que não são pedras nem rochedos.

Venda nos olhos, nem que por minutos,

No dia internacional contra a discriminação racial.

Fechar o juízo de valor, por instantes,

Pode fazer muito bem ao próprio juízo de valor.

 

Brasília, DF, Brasil, 15 de fevereiro de 2018.

Hoje é o dia internacional contra a discriminação racial. Poema de ‎Bomani Flávio.

bichinho de goiaba

Bichinho de goiaba.

Se o bichinho de goiaba aparecer no fruto, não tenha nojo.

Talvez seja para assustar você.

A goiabeira, plantada no quintal,

Precisa alimentar os bichos,

Que chegam de todas as partes do céu.

 

Se o bichinho de goiaba aparecer no fruto, não tenha nojo.

Se alastrar e contaminar os outros frutos, não lastime.

Caso tenha a coragem de comer o fruto,

Não devolva o alimento para fora da barriga.

Lembre-se que o suco gástrico destruirá o bichinho,

Tão rapidamente,

Que não vai fazer mal a você.

 

Se o bichinho de goiaba aparecer no fruto, não tenha nojo.

Não pragueje a goiabeira que está no quintal,

 

Nem outra no lugar em que esteja passando.

O cheiro e a cor do fruto vão longe,

Para os ávidos olhos do reino animal.

 

Se o bichinho de goiaba aparecer no fruto, não tenha nojo.

Se olhar atentamente para o quintal,

O sorriso abrirá em seu rosto porque a árvore embeleza o ambiente.

Tão frondosa que servirá sobremaneira para um balanço de criança.

Até mesmo para os filhos escalarem.

Primeiro passo para futuros alpinistas.

Potenciais atletas de olimpíadas.

 

Benefício enorme será ouvir as aves do céu sob a frondosa árvore.

Cada som com indicativo de saciação pela comida encontrada,

Porque encontrou incrível paisagem no meio de tanta paisagem urbana,

Castigada pela escassez de comida.

Sinal de que seu quintal é muito bem visto pela comunidade aérea.

 

Se achar que seja o único proprietário da goiabeira,

Para arrancá-la do quintal,

Porque não dar bons frutos,

Perderá a oportunidade do compartilhamento.

 

O quintal funciona como uma praça para os bichos do céu.

A praça é do povo, cantou Castro Alves.

A praça é também dos animais.

Os parentes e amigos vão agradecer a você,

Por transformar seu quintal em zoológico temporário.

 

Compartilhamento vai além das redes sociais e de simples cliques.

Envolve a interação entre o mundo virtual e o mundo real.

O primeiro não existe sem o segundo.

Para as aves do céu, a goiabeira com goiaba é um diamante,

Que reluz, na extensa paisagem urbana, mais do que a peça no pescoço de uma mulher.

Não tenha nojo do bichinho de goiaba.

 

Brasília, DF, Brasil, 12 de fevereiro de 2018.

Bichinho de goiaba. Poema de ‎Bomani Flávio.

escola

Estou na escola para ter poder.

Estou na escola para ter poder.

Estou na escola para estudar.

Quinze anos de estudo para me formar.

Trinta anos para algum poder.

 

Mas será que vou conseguir poder?

Mesmo em uma pequena parte?

A certeza, no momento, é que carrego a mochila,

Às vezes nas costas,

Para ir à escola.

Correndo ou andando,

Vou com minha fiel amiga estudar.

 

Estou na escola para estudar.

Estou na escola para ter poder.

Porque continuo estudando e não posso parar de estudar.

 

É porque me dei conta de que estou na escola para conseguir poder.

Poder difícil de alcançar,

Mas, mesmo assim, acho que meu sonho de criança vai se realizar.

 

Sei que a sociedade é dominada por poderes,

Que talvez não queira uma parte dividir.

Nem sei como me inserir nos grupos da sociedade.

Parece que ninguém quer dividir poder.

 

São tantos grupos,

Muitos ideológicos,

Dentro do próprio poder!

Talvez seja por isso que eu esteja na margem, e não no centro.

 

Há uma margem e há um centro.

O poder é o centro,

Que não é geográfico.

 

Invisível que nem o invisível das estrelas durante o dia.

A noite visível apenas para quem conhece os meandros do poder.

Poder poderoso,

Que usa máscara,

Para sobreviver.

 

Mesmo que sutil,

Usa adereço

Para se esconder.

 

A margem é o subúrbio,

De cidadãos comuns,

Tão visíveis,

Que estão invisíveis para o poder.

Estou na escola para estudar.

Estou na escola para ter poder.

O poder está no centro,

Como apregoa Martins,

Sociólogo José de Souza Martins,(*)

O resto está na margem.

 

Estou na escola para ter poder,

Que está no pensamento, bem arraigado.

O poder não tem muros.

Está no pensamento, bem arraigado,

De muitos grupos do poder.

 

Estou na escola para ter poder,

Porém acho melhor calar a minha boca,

Na esperança de um dia ter um pouquinho de poder.

 

Poder para ajudar meu País.

Unir o centro e a margem.

Muros invisíveis, se houver, para sempre destruir.

 

Brasília, DF, Brasil, 10 de fevereiro de 2018.

Estou na escola para ter poder. Poema de ‎Bomani Flávio.

 

(*) Veja mais, como fonte de inspiração, em 
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/02/10/foi-o-poder-que-desviou-lula-diz-o-sociologo-jose-de-souza-martins.htm?cmpid=copiaecola

A pedra.

Tire a pedra da cabeça,

Para não esmagar você.

É melhor a cabeça livre

Do que duas cabeças.

Tire a pedra da cabeça,

Para que você não esmoreça.

 

Pois quando se esmorece,

Surge duas cabeças.

Pressão demais para o corpo,

A mente e o corpo.

 

Remova o empecilho sobre a cabeça,

Enquanto ainda possa aguentar.

Se crescer, não terá forças para removê-la.

Só terá que lamentar.

 

Não brinque com peso na cabeça.

A coisa pode ser coisa pesada.

Mesmo pequena, pode doer.

E o que é pior,

Não deixará você em paz.

 

Tire a rocha da cabeça.

O crânio é frágil,

Pois é osso da cabeça,

Que não foi feita para peso desigual.

 

Se não conseguir tirar o fardo,

Vá com calma.

Vai molhando cada dia,

Pois pedra dura,

Tanta bate que pouco dura.

 

Se a tentativa não der certo,

Espere alguém chegar.

Sozinho pode ser difícil de tirar.

Nada pior do que carregar pedra na cabeça.

 

Alimentar pedrinha pode se tornar pior.

Enquanto ainda for pedrinha,

Remova a pedra que ainda pode ser tirada.

Pior se virar coisa dura,

Que fica igual ou maior do que o crânio.

 

Mesmo assim, não tenha medo,

Pois cascalho pode ser tirado,

Enquanto paira na cabeça.

 

Mais importante é se afastar da pedrinha

E do próprio peso.

Nem um nem outro parece bom.

 

Se achar que a pedra tem mãos e pernas,

Que encurralam,

Enfraquecendo a reação,

Lembre-se de gritar para pedir ajuda.

Outras mãos podem muito bem ajudar você.

 

Brasília, DF, Brasil, 04 de fevereiro de 2018.

Tire a pedra de sua cabeça. Poema de ‎Bomani Flávio.

longevidade

Longevidade é viver mais do que muitos.

Longevidade, quem vive, conta uma história,

Que caberia em uma, duas, três ou muitas certidões de nascimento.

Como tivesse começado o caminho de Matusalém,

Quem viveu mais do que todos.

Em época bem remota.

Bem sei.

 

Pois antes de Cristo,

Lá nos primórdios dos patriarcas,

Vivia-se até mil anos.

Isso é viver mais do que todos.

 

E o que é a longevidade?

Longevidade é viver mais do que muitos.

Poucos existem para contar.

Todos, com pouca exceção,

Sonham em alcançar

Como uma seta que indica para aonde ir,

A longevidade vira um convite para começar.

 

Quem vai passar dos cem,

Cento e vinte,

Duzentos ou trezentos anos?

Igual à idade de Matusalém?

Igual a Adão, a Noé

E tantos outros?

Eles não estão aqui

Para contar.

Os segredos,

Talvez eles apenas podem revelar.

 

Longevidade é viver mais do que muitos.

Quem vive,

Talvez não queira contar.

Talvez, nas estatísticas, escondido queira estar.

 

Longevidade é viver mais do que muitos.

Receita simples.

Mais do que ir à academia,

Para malhar.

Mais do que suar

Em maratona.

Comida magra,

Sem gordura,

Talvez.

 

Longevidade é viver mais do que muitos,

Bem além de uma pretensão.

Simplesmente acontece.

Como aconteceu com Maria,

Maria Olímpia da Bahia,

Que tem 111 anos,

De muita idade.

 

Eis o relato de Maria,

Maria Olímpia da Bahia,

Que viajou de cavalo,

Da Bahia a Mato Grosso

(Quase dois mil quilômetros):

““Aprontei demais”

“acho que é por isso que estou vivendo mais que todo mundo”.

 

Longevidade é aprontar na vida.

Talvez seja o que muita gente quer.

Mas aprontar na vida,

Seja lá o que seja,

Viver uma vida ativa,

É um caminho a querer

E a buscar.

 

Longevidade é viver mais do que muitos.

É sentir um pouco o que Matusalém,

Adão ou Noé viu.

É ver a vida passando.

Muita gente caindo.

Cidades sendo construídas ou destruídas.

Guerras ocorrendo.

Desastres acontecendo.

Tempo mudando,

De tempos em tempos.

Reis e presidentes sendo substituídos.

E você ali de pé.

 

Longevidade é viver mais do que muitos.

Bem encantador e esquecido.

A longevidade,

Inteligência que poucos tem,

Será comum,

A partir de agora?

Bem mais do que os 111 anos de Maria?

Superar os 120 anos,

Como limitou a divindade

No fantástico livro do Gênesis?

 

Longevidade é viver mais do que muitos

E começa com o aprontar!

Longevidade é viver mais do que todos,

Mas a preciosidade passou da terra para o mar.

No presente, só a baleia do ártico pode gozar.

 

 

Brasília, DF, Brasil, 26 de janeiro de 2018.

‎A longevidade é viver mais do que muitos. Poema de Bomani Flávio

O câncer é um ser vivo.

O câncer é um ser vivo,
Pequenino,
Ora grande,
Que pode estar doidamente dentro de você.

 

Porém não tenha medo do hospedeiro,
Se o invasor ameaçar os órgãos e tecidos
De seu precioso ser.

 

Ameaça não haveria,
Se o tumor estivesse enjaulado no zoológico,
Como bicho em extinção,
E não como estranho monstro,
Que ninguém vê.

 

O carocinho é um ser vivo,
Que cresce nos dias lindos de sol,
Chuva ou inverno.
Reproduz-se como lavoura,
Infelizmente bem dentro de você.

 

Não tenha medo do bichinho,
Se a esperança não for pequena.
Caso não seja grande,
Esquente-se sob a intensa luz do sol,
Até um dia a estrela se tornar uma bola de gelo.

 

O nódulo é um ser vivo,
De cérebro psicopata,
Pois interage com seu corpo,
Savana preferida,
Onde reina como um animal.
Somente para destruir você.

 

O bichinho é um ser vivo,
Que não tem critério de beleza.
Olhos pretos, azuis, verdes.
Pele clara ou morena.
Não é preconceituoso como você.
Quer devorar todas as vísceras,
Peles e tudo o que for parte de você.

O bicho é realmente cruel.
Parece arma,
Que está em todo o lugar.
É maior do que qualquer leão.
Devora mais do que a anaconda ou tubarão branco.
Tudo para destruir você.

 

O câncer é o animal mais terrível da face da Terra,
Porque prefere os labirintos,
Que você talvez conheça,
Lá do fundo do seu ser.

 

O câncer só quer crescer, crescer.
Crescer é o seu norte.
Ambição que começa bem pequena.
Depois prolifera,
Sem ninguém perceber.

 

Não tenha medo do câncer,
Que te ver como uma savana.
Ele não escolhe olhos lindos,
Lábios enfeitados pelo batom.
Nem quem tem dinheiro ou cabelos sedosos.
O câncer é um mistério que olho nu não vê.

 

O câncer é um ser vivo,
Que impõe medo de morrer.
De mãos dadas, porém, resta a esperança,
De prendê-lo no zoológico,
Como animal em extinção,
Para nunca mais dali possa fugir.

 

O câncer poderia morar apenas no horrível pesadelo,
Se os olhos não cobiçassem o diamante dos olhos,
Que é a felicidade.
O câncer é a própria infelicidade,
Para impedir uma existência breve,
Que já é tão breve.

 

“Bastidores do poema: Visitava minha cidade natal,
Barreiras, no oeste baiano, nordeste do Brasil, em meados de janeiro de 2018,
quando tomei ciência de mortes recentes de mulheres,
vítimas do câncer.”

 

‎Brasília, DF, em 18 de janeiro de 2018.

O câncer é um ser vivo. Poema de Bomani Flávio.