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céu estrelado

Lições de uma noite escura de céu estrelado.

Noite escura de céu estrelado.

De tanto me encantar,

Vai, finalmente, mostrar o que tem além das estrelas?

Tão próximas umas das outras.

Uma, duas, três, vinte e sete.

A contagem logo me cansa,

Por causa da colossal fotografia celeste.

 

São milhares de milhares,

Que não consigo sequer contar.

Mais uma vez o fascínio encanta meus olhos,

Que se convencem de tanta beleza,

Mas também de intermináveis perguntas.

 

O que há além das estrelas?

Ou antes das estrelas?

Poderia ser o multiverso?

Por que as estrelas parecem tão próximas umas das outras?

Talvez seja miragem dos meus olhos.

 

Aliás, por que precisa-se de tantas estrelas?

Não bastava uma ou duas?

Uma já me impressiona.

Duas ou mais me fascinam.

Milhares estarrecem meu ser.

 

Noite escura de céu estrelado.

Vejo extrema beleza no mundo de cima.

Complexidade que não cabe em meus olhos.

Porém o mundo de baixo,

Onde vivo,

Parece mais complexo do que o de cima.

 

O mundo de baixo tem concentração de renda.

Pouca gente para muita grana.

Muita gente para pouco dinheiro.

Fama sem conteúdo.

Dívida bancária que nunca acaba.

Riquezas e mais riquezas para ricos.

Tudo em nome da vida eterna,

Que aqui embaixo não tem.

Eterna só no mundo de cima.

 

Noite escura de céu estrelado.

Você não é alguém,

Mas é um teto,

Isto é, um complicado teto.

Bem mais do que um complicado teto,

Para minhas lamentações,

Provocadas pelo mundo de baixo.

 

Olhe para o mundo de baixo.

Verá intermináveis estrelas.

Tão numerosas quanto as de cima.

Impossíveis de se contar.

Estrelas que provocam milhares de lamentações,

Neste primeiro de maio.

 

Brasília, DF, Brasil, em 01 de maio de 2018.

Lições de uma noite escura de céu estrelado. Poema de ‎Bomani Flávio.

relógio

O relógio que controla o mundo.

Ando nesta noite fria.

Noite sem ninguém na rua.

O relógio como companhia.

Triste o homem que tem o relógio como companhia.

Tic tac silencioso que mora dentro do ser.

 

Tic tac que leva mudanças no existir.

Mistério que vem do sol,

Que se reproduz na lua.

 

Poder presente em qualquer parte aonde vou.

Impiedoso relógio universal,

Presente em tudo,

Nos seres, no ser, nas coisas.

 

Relógio que me tirou de casa,

Nesta noite fria.

Por que preciso de um relógio?

Por que o tempo vai para a frente,

E não para trás?

 

Estranho um homem andar,

Questionando o tempo como companhia.

 

Antes esquecê-lo na pia,

No ônibus,

Em algum lugar.

Ninguém precisava de um medidor,

Para um fim que vai virar dor.

 

A segunda-feira se foi.

Terça-feira chegando.

Quarta-feira logo após.

Assim, dia após o outro.

 

O tempo sempre trará mudanças ao ser.

Deve haver um propósito da natureza,

Para o tempo andar para a frente,

E não para trás.

Propósito para um dia substituir o outro.

Evento que ocorre com o sol no amanhecer,

E desaparece no horizonte de uma tarde qualquer.

 

Propósito que ninguém sabe quando começou,

Nem quando terminará.

Ditadura que ilude meu ser,

Com promessa, vinda sabe-se lá de onde,

De uma vida que parecerá eterna.

No final, tão breve quanto respirar.

 

Hora de voltar para casa.

Bem que o ser queria controlar o sol.

Controlar movimentos de mudança.

Vou continuar minhas andanças,

Achando uma forma de, ao menos, entender o relógio,

Que está dentro do meu ser.

 

Brasília, DF, Brasil, em 29 de abril de 2018.

O relógio que controla o mundo. Poema de ‎Bomani Flávio.

bar

No bar.

No bar, quanto cheiro de cuspe!

Fruído que vejo no chão.

Secreção na parede, no teto.

Cuspe misturado com cheiro de cigarro.

Cuspe claro com outro mais escuro.

Babel de cheiros e cores que atraem meu ser!

 

Porém meu outro ser ficou zangado.

Ciúmes à flor da pele.

Detesta cheiro de cuspe.

Critica o cigarro e a fumaça.

Reprova o bar,

Lugar aonde nunca foi.

 

Disparidade que tem gerado briga.

Confronto entre dois rivais,

Com sobrenome diferente,

Dentro do meu próprio ser.

Seria rival A contra B?

 

Meu ser me obedece.

Meu ser me desafia.

Rezei.

Orei.

Frequentei as novidades da meditação.

Andei nas campinas do cerrado.

Ao boteco, porém, não voltei.

Antidepressivo para um ajaulado.

 

Enfrentar-se é guerra árdua,

Pois não tem como se repartir.

Mas o cheiro de cuspe no botequim,

Secreção na parede, no teto,

Tudo saiu da boca de alguém.

De muita gente, mais com mais.

Cada secreção uma estória,

De muitos minutos,

Talvez horas,

De muita conversa.

E eu aqui, na minha controversa,

Na casa limpa e organizada,

Sem ninguém ao menos para uma conversa.

Brasília, DF, Brasil, em 24 de abril de 2018.

No bar. Poema de ‎Bomani Flávio.

sinos da igreja

Sinos da igreja, por que agitam meus ouvidos?

Barreiras, na Bahia, me fez gerar um filho, chamado o poema.

 

Sinos da igreja, melancólico som metálico.

Por que agitam meus ouvidos?

Quer se juntar ao som dos fogos de artifício?

 

Som metálico persistente.

Repetitivo tinido da tristeza,

Que vem dos sinos da igreja.

Dos cansados sinos da São João Batista,(*)

Nesta noite de uma tarde.

 

Sinos para celebrar o fim de uma vida,

Que passou por angustiante peleja,

Culminada neste dia.

 

Som que impede de andar.

Melodia que paralisa.

Som que recepciona o caixão com alguém,

Que já não é ninguém.

De quem eu não sei.

 

Velório de pequena romaria,

Na praça que era uma calmaria.

 

O que sei é que não vejo o outro caixão,

Com a consciência, o eu, o ser,

Que fazia, em outros tempos,

Aquele corpo andar, falar, chorar, rir, alegrar-se.

Correr, alimentar-se, fuder.

 

Olhei para todos os lados,

Na vã tentativa de um segundo traslado.

Olhos ansiosos que não acham o que foi descolado.

Não vi a consciência, o eu, o ser,

Que desamparou aquele corpo tão tristemente para fenecer.

 

Onde então foi sepultada a consciência, o eu, o ser,

Daquele corpo que está a jazer?

Impiedosa lei natural,

Que não exigiu a presença da consciência, do eu, do ser,

No velório do corpo que está a jazer.

 

A consciência, o eu, o ser, se falece,

Por que não está ali com o corpo a compadecer?

Quantos nascimentos, aniversários, festas,

Revelaram o eu, o ser, a consciência, que existe.

Documentos públicos, fotos, revistas e vídeos.

Havia a consciência, o eu, o ser.

Nada disso era fantasma.

Como agora também não será.

Ou será que sempre conversei com fantasma,

Revelado por triste mortuária de um corpo?

 

Pois virou obra-prima de estátua,

Que impressiona, mas não fala.

Mortuária reverenciada por choro e lágrimas.

O que está ali, não se nega, é o corpo.

Onde estará o eu, o ser, a consciência?

O sino toca novamente,

Porque o cortejo se foi.

 

Que tamanha tristeza para a consciência, o eu, o ser,

Que misteriosamente não compareceu ao velório do seu corpo!

Andar, falar, chorar, rir, alegrar-se.

Correr, alimentar-se, fuder.

Essência da vida que se ganha e se perde.

Pobre corpo que será enterrado após o triste som do sino da igreja.

Mas onde terá sido sepultada a consciência, o eu, o ser,

Daquele pobre corpo que perdeu sua cara-metade?

 

Portanto, para aonde foi a pessoa de X?

Quer dizer, o eu, o ser,

Cuja carcaça virou uma perfeita estátua,

Que não fala, não come ou não fode?

Simplesmente exala cheiro de flores,

Para em breve assustar o nariz.

 

Virou um objeto,

Sem valor algum,

A não ser para a terra,

Ansiosa pelo demorado diamante.

Quem sabe o eu, o ser,

Daquele corpo que está a jazer,

Tenha virado uma especial antimatéria,

No universo que não é azul.

 

(*) São João Batista é a catedral católica

da cidade de Barreiras, no oeste da Bahia, Brasil.

 

Brasília, DF, Brasil, em 13 de abril de 2018.

Sinos da igreja. Poema de ‎Bomani Flávio.

piolho

O piolho na minha cabeça.

Meu ser agoniza

Com gestos estranhos em casa e na rua,

Por um piolho que grudou,

Sem causa alguma,

Em minha cabeça.

 

Ida constante ao espelho.

Esposa que não localiza o bicho.

Parentes que reforçam a varredura.

Exames médicos negativos.

 

Ninguém encontra,

Ninguém vê,

Na careca cabeça,

A causa da minha queixa.

Nada disso alivia, nada mesmo,

O bichinho que sinto na cabeça.

 

Espectro com tamanha gozação na rua,

Gozação no mercado e na feira,

De um homem que sai todo torto na rua,

Reclamando de inseto na cabeça.

 

Não tenho contato com cachorro.

Gato muito menos.

Há tempos que não vou ao zoológico.

Não tem explicação para um bicho na cabeça.

Minha cabeça vermelha de tanto coçar.

A paz de espírito se perdeu na quebrada da rua.

Todos com um unânime diagnóstico:

O piolho só deve estar na minha cabeça.

 

Nunca fiquei tão nervoso.

A impaciência mordeu meu rosto.

Ninguém me entende.

Minha confissão a ninguém convence.

Palavra por palavra,

Somente eu entendo meu ser.

 

Ser que agoniza entende outro ser que agoniza.

Não vou reprimir o que sinto na minha cabeça.

Sentir é sentimento.

É forma de argumento,

Que sai lá de dentro.

 

Quando alguém finalmente olhar,

Vou dizer que não tem inseto nenhum em minha cabeça.

Será o vocabulário de muitas negativas,

Oriundas de um ser que agoniza,

Por causa de gigantesco piolho na cabeça.

 

Brasília, DF, Brasil, em 04 de abril de 2018.

O piolho. Poema de ‎Bomani Flávio.

Os olhos estão no olhar.

Os olhos estão no olhar.

O olhar, pois, diz tudo.

O olhar às vezes não diz nada.

O poder de um olhar,

Se for aquele olhar,

Pode reconciliar tudo.

Pode não reconciliar nada.

Talvez porque dependa de como olhar.

 

O poder do olhar às vezes vai contra o outro poder do olhar.

E assim será porque os olhos são bons.

Os olhos são maus.

 

E são tantas as tonalidades.

Olhos castanhos ou pretos,

Verdes ou azuis.

 

Tonalidades que seduzem.

Cores que destroem.

Esses coelhos inventam mundos,

Mas também eliminam vidas.

Não importa a cor.

Tema das canções.

Enredo do cinema.

 

As peças ditam a moda.

Governam o mundo.

Mas, em muitos momentos, os olhos revelam o que são,

E a maldade não escolhe a cor.

 

Mesmo assim, como brilham diante do sol!

Duas janelas para me ajudar no mundo,

Dois diamantes para me expor ao mal.

Elogios nos lugares aonde vou.

Maldição que me levam aonde não quero ir.

 

Sem eu perceber, controlam minha vida.

Despertam as vontades adormecidas.

Levam-me aos mais altos prêmios.

Conduzem-me ao lamaçal,

Mesmo durante o dia.

 

É uma luta que parece desigual,

Pois cada decisão parece certa.

O resultado, às vezes, é muito mal.

 

Todos os dias interpreto o que vejo.

Seja para o bem.

Machuco a mim mesmo.

Machuco a quem me quer bem.

 

As vistas são a contradição da vida.

Ora, me faz um tremendo bem,

Ora me faz um tremendo mal.

Não posso, porém, arrancá-los,

Pois são dádiva da vida.

Preciso, na verdade, educá-los.

 

Os luzeiros são tela,

Do que eu penso,

Do que está no coração.

Resta-me então olhar para o sol.

Bem rapidamente.

 

Os reflexos cegam-me por instantes.

Se olhar demais,

Podem cegar para sempre.

Essa a luta dos coelhos.

 

Olhar por instantes ou olhar demais.

A mulher de Ló olhou demais.

Em pedra, porém, se transformou.

Olhar por instantes pode ser ruim,

Mas olhar demais talvez seja bem pior.

 

Brasília, DF, Brasil, em 31 de março de 2018.

Os olhos estão no olhar. Poema de ‎Bomani Flávio.

poema sobre boca

Há um zíper que fecha minha boca.

Há um zíper que fecha a minha boca.

Zíper que acarreta um tremendo cala-boca.

Não importa o limão.

Por que não consigo abrir minha boca

Para falar sobre mim?

Porque há um zíper que fecha a minha boca.

Estranho horizonte assombrando meu rosto,

Que não é de desgosto.

 

Zíper que revela um conselheiro,

Tremendo filho da puta!

Pois às vezes me transforma em herói,

Outras vezes me ajuda a conseguir façanhas incríveis.

 

Mas, em muitos momentos, é horrível comigo.

Suja meu nome na praça do João ninguém.

Leva-me a fazer coisas impensáveis,

Como se eu não precisasse de ninguém.

 

Faz-me pensar que a hora da morte chegou.

Assim com aviso prévio

E todo o pacote para assustar.

 

Intimidade assombrosa

Que às vezes me deixa velho,

Já que a cara jovem não tem nada de calma.

Pentelho cruel,

Cujo último ataque fechou minha boca.

Deixou minha cara com feição de cala a boca.

Emparedamento que me leva a ficar mais em casa do que na rua.

 

Intermináveis dias com a boca fechada.

Mesmo assim, resta-me apenas a indagar-me.

Por que não consigo abrir minha boca para falar sobre mim.

Estou para explodir de tensão.

Vulcão acordado que brinca em me aterrorizar.

Luta que parece durar vinte e quatro horas.

 

Emocional instável que pode virar tudo,

Exceto um ser com coesão.

Por que não consigo abrir minha boca para falar sobre mim?

Na ponta da língua, encontro respostas.

 

Há um zíper que fecha minha boca.

Há um zíper que me impede de falar.

Maldito zíper que chegou sem avisar.

Instalou-se durante meu sono irregular.

Tornei-me retraído e encurralado.

Tenho boca, mas não posso falar.

 

Mas permite que eu abra a boca para tantas coisas.

Para comer ou escovar os dentes.

Passar o batom ou beijar.

Falar sobre política ou roer as unhas.

 

Menino sorriso vai perdendo espaço para o menino sombrio.

Mas, mesmo assim, ecoa uma voz a pedir.

Por que não consigo abrir minha boca para pedir socorro?

 

Bem que tento usar as mãos para remover a peça,

Que muda estranhamente de cor.

Como agora que está prateada.

Costurou minha boca sem eu perceber.

 

Maldito zíper que chegou sem avisar.

Tudo por causa do ontem da semana passada,

Evento que criou o funesto zíper.

Peça de calça ou bermuda se desprendeu,

Não se de qual roupa,

Se da minha ou de alguém,

Para se fixar na minha boca.

 

Boca fechada faz mal à saúde.

Espeta o ser e destrói o corpo.

Faz bem confessar.

Abrir-se para os medos assustar.

 

Há um zíper que fecha minha boca.

Há um zíper que me impede de falar.

No desespero, ao pedir por socorro,

Alguém veio me ajudar.

Alguém que entende de linguagem,

Surpreende linguagem de sinais,

Conseguiu o zíper arrancar.

 

O estranho horizonte dissipou-se,

E eu fiquei para falar.

Quanto mais eu me abrir,

Mais o zíper distante vai ficar.

 

Brasília, DF, 17 de março de 2018.

Zíper que fecha minha boca. Poema de ‎Bomani Flávio.

Profeta do dia de ontem.

Sou profeta ou vidente.

Sou, porém, profeta do dia de ontem.

Sei fazer todos os prognósticos do dia de ontem.

De dias anteriores.

Dos meses anteriores.

Dos anos anteriores.

 

Inclusive de décadas e séculos passados.

Essa é a minha especialidade.

Pertenço a ordem de antigos sábios,

Sem linhagem específica.

 

Podem me procurar,

A qualquer momento,

Que direi todos os seus segredos,

Seus medos.

 

Minha matéria é a vida pretérita.

Cálculos de sucesso dos negócios.

Da vida amorosa.

Faço tudo.

Sou adivinho do dia de ontem.

Sou vidente de um mundo adverso.

 

Mas, por favor, não me procurem sobre o amanhã.

Não sou vidente do amanhã.

Não me procurem porque não tenho fontes que me dê tamanha autoridade.

 

Não faço prognóstico baseado na incerteza.

Falta-me elementos para matéria da vida futura.

Não saberia associar evento a com evento b.

Nem evento b com evento a.

Os sonhos poderiam me ajudar,

Mas nada sei sobre a oniromancia.

Inabilidade que não me geraria autoridade.

 

Se eu falasse sobre o dia do amanhã,

A universidade da certeza não me aceitaria.

Minhas pupilas se dilatariam.

As batidas do coração sairiam dos meus ouvidos.

Minha especialidade não é o dia do amanhã.

Profetizo o que conheço.

Não sou vidente dos dias futuros.

 

Mesmo me julgando profeta do dia de ontem,

Acho que nem assim sou arauto confiável.

Será que saberia a data da fundação da Terra?

Do que é feita a parte escura do universo?

 

A noite vejo o cintilar das estrelas e a parte escura.

Será que eu saberia dizer como o sol surgiu?

Por que tinha que ser uma bola de fogo?

 

Quase todos os dias, no entanto, a estrela queima um pouco minha pele.

Rebato, às vezes, com protetor solar.

Por que só se entra na Terra pelo nascimento?

Por que para sair, para sempre, tem que morrer?

Respostas que talvez apareçam no futuro.

O porvir, como disse, não é minha matéria.

O passado é que é minha matéria.

O futuro não conheço.

Passado e futuro próximos.

Separados por fração de segundos,

Com milhares de tempo entre eles.

Tempo que sei e não sei.

 

Mas, nem por isso, sou vidente do futuro.

Como visto, talvez eu seja profeta de tantas perguntas,

Milhares de perguntas,

Que, mesmo assim, não tenho respostas.

 

Brasília, DF, Brasil, 04 de março de 2018.

Profeta. Poema de ‎Bomani Flávio.