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No velório, que tristeza na despedida da pessoa querida!

No velório, que tristeza na despedida da pessoa querida!

O ser chora demasiadamente a perda sofrida.

Vale a pena derramar toda a lágrima?

Óbvio que vale derramar toda a lagrima,

Mesmo que seja a gota mínima!

 

Então chore, chore bastante, pela pessoa querida.

Una-se a  outro para compartilhar a dor,

Porque a sete palmos da terra parece haver muito euforia.

Intensa alegria pelo diamante que tanto esperou.

 

Pois todo o ser é um diamante.

Pedra preciosa para a terra e o pó.

Todo o ser é uma pedra exuberante,

Que brevemente se esfarelará em pó.

Pó que se impregna na terra,

Que contém pó.

 

Tudo, pois, virará pó.

É o paradoxo da vida,

Que tem origem na barriga

Do ser chamado mulher.

 

Infeliz desfecho no derradeiro pó.

Se for pó, tudo vira pó, se saiu do pó.

Tudo, se veio da terra, virará pó.

Quanta injustiça dessa imprevisível lei,

Decorrente da terra e do pó!

 

Então chore, chore bastante, pela pessoa querida.

Una-se com outro que chora para compartilhar a dor,

Porque a sete palmos da terra parece haver muito euforia.

Intensa alegria pelo diamante que tanto esperou.

No momento da tristeza pela pessoa que se vai,

Cada lágrima uma declaração de amor.

Cada declaração uma palavra que vem da dor.

 

Infelizmente é a lei do pó da terra.

Tudo virará pó, pois do pó foi formado.

Muito difícil de explicar na hora da dor.

Na existência tão curta e atribulada,

A pessoa vira uma enigmática estátua,

Que se transformará em pó.

 

Então chore, chore bastante, pela pessoa querida.

Una-se com outro que chora para compartilhar a dor,

Porque a sete palmos da terra parece haver muito euforia.

Intensa alegria pela joia que tanto esperou.

É o paradoxo do caro e vulnerável diamante,

Que infelizmente, na hora da venda, se desfarela em pó.

 

Brasília, 25 de setembro de 2018.

No velório, que tristeza na despedida da pessoa querida! Poema de Bomani Flávio.

morte natural

Morte natural.

Quando morreres, por morte natural,

Tenha um leão para abraçar.

De qualquer raça, credo ou nacionalidade.

Abraça tu para sentir o cheiro do cauteloso quadrúpede.

Recline tua cabeça em qualquer lugar do pelo animal.

 

Quando morreres, por doença,

Tenha o felino da selva para abraçar.

Capaz dele não chorar,

Nem fazer escândalo para te acalmar.

 

Se preferires,

Conte tua vida para o animal.

Nos mínimos detalhes,

Como se o bicho fosse o único ser vivo que pode te ajudar.

 

Prefiras um assento para vislumbrar paisagem exuberante,

Enquanto contarás relato absurdo da longa ou breve vida.

Não esconda nada do bicho,

Porque terás tempo para narrar.

 

Mas se não morrer, por morte natural,

Tudo poderá ser em vão.

Terá apenas palavras amigas no funeral.

Talvez alguns cânticos.

Quando todo mundo for embora,

A solidão do cemitério.

 

Brasília, 29 de outubro de 2017 às 20:33

Morte natural. Poema de Bomani Flávio.