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pânico

O pânico quer interferir no meu modo de ser.

Notícias de guerra me descontrolam.

Síria,

Iraque,

Afeganistão,

Sudão.

A violência no meu bairro.

 

Notícias de guerra me abalam.

Mas nada se compara ao que estou sentindo.

Algo agora está me descontrolando,

De uma forma abstrata e loucamente.

 

Pode ser o pânico,

Que está me controlando.

Meu modo de ser sereno,

Agora me deixando antagônico.

O modo de ser é patrimônio.

 

Se não trazer bem-estar,

Vira um redemoinho.

Estranho redemoinho,

Que vai girar assustadoramente,

Para negativamente recriar o ser.

 

Eu sinto então meu ser controlado sumindo.

Como sendo sugado em um tornado escuro,

Onde tudo gira,

De um sombrio nada maduro.

 

Que tornado será esse?

Será chuva de estresse?

Tornado extremamente escuro,

De um pânico cada vez obscuro.

 

Pior animal que existe.

Pânico invisível,

De impacto imprevisível.

 

Vive das lascívias,

Quando deixa o ser sem rumo,

Das enganações,

Dos excessos das vontades,

Das tantas manipulações.

Tudo alimenta o pânico,

Monstro tirânico.

 

O pânico caça de noite.

Também caça de dia.

Não importa a chuva.

Não importa o dia.

 

Dessa forma, vence o pânico quem seja forte.

Meu ser ainda parece forte.

Forjado com a veste do lobisomem,

Dos tempos do cataclismo.

Mas os espectros me descontrolam.

Luta, pois, de todos os dias.

Luta das misturas.

Das guerras de lá,

E das guerras de cá.

 

Porém, no meio de tudo isso,

As sensações.

Tenho que aprender a controlar as sensações,

Para discernir as emoções.

Talvez assim supere a caça implacável do pânico.

Quanto mais crédito às sensações,

Mais descrédito às ponderações.

O ser, por si mesmo, pode ser enganado,

Se estiver extremamente confuso e atribulado.

 

 

Brasília, DF, em 03 de abril de 2019.

O pânico que interferir no meu modo de ser. Poema de Bomani Flávio.

síndrome do pânico

Síndrome do pânico.

Doutor, neste consultório de terapia, apenas me ouça.

Desintegrar-me é a sensação etérea que sinto,

No interior do meu ser.

Mas não consinto,

Por isso o descontentamento

Que chega para me abater.

 

Pois, como reagir?

Dizem que é a síndrome do pânico

– É isso mesmo? –

Que explodiu com larvas de todo tipo de terror dentro do meu ser.

 

Taquicardia, falta de ar ou alucinação.

Tudo tão vulcânico.

Sem medida alguma,

Para entender.

 

Luta desigual de todo o dia.

Semblante caído, que não é desídia,

Contra um ser invisível,

Poderoso como o pavor, nada plausível.

 

Estou cansado de tanto me assustar,

Por iminente cheiro de morte a açoitar-me.

Só não sei como, mas devo me afastar do perigo,

Do terror que me faz sentir tão sem abrigo.

Densa floresta em que estou sozinho comigo.

 

Disseram que preciso recuperar o equilíbrio emocional perdido,

Com o rivoltril, o clonazepam ou a paroxetina.

Novos amigos, para quem estar aturdido,

Entre equilíbrio e ambiguidade.

Viver eu quero, mas nada de ansiedade.

 

Do jeito que estou, a síndrome do pânico sempre vai me vencer,

Neste e no próximo amanhecer.

Antes que me sucumba,

Resta-me descobrir o monstro que construí,

Durante vivência em que anuí.

 

De todo o modo, o monstro se escondeu dentro do ser do meu ser,

Que eu, o próprio dono, achava que conhecia.

Alojou-se no cofre mais escondido do mundo,

Sem ao menos eu perceber.

 

Portanto, doutor, preciso desconstruir o monstro,

Não desintegrar-me.

O descontentamento é a esperança que resta,

Para sair desta densa floresta.

Terreno pantanoso,

Para um coração há muito imaginoso.

 

Mas preciso realmente saber quem é o bicho,

Que se impregnou, em meu assustado ser, como carrapicho.

 

Quanto mais aparecer o retrato falado,

Quanto mais eu jogá-lo para fora,

Creio que a ameaça irá embora.

 

O que mais quero, aliás, é vê-lo encurralado,

Para não me sentir,

Com tão pouca vida,

Tão amargurado.

 

No interior do meu ser,

Somente assim poderei ver antiga paisagem.

Como os raios de sol,

Que eu apreciava,

Bem cedinho, no amanhecer.

– Ou então no entardecer -,

De um dia qualquer.

 

Brasília, DF, Brasil, 10 de dezembro de 2017.

Síndrome do pânico. Poema de Flavio di Fiorentina.