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Uma escola para educar meu coração.

Uma escola no meio do nada.

Mesmo que seja no meio do nada,

Vou criar uma escola,

Para educar meu coração.

 

Terá que ser no meio do nada,

Porque, no meio de tudo,

Pode descontextualizar a razão.

 

Ainda que se tenha uma fera indomada,

Presa dentro do coração,

Melhor deixá-la confinada.

 

Extremamente confinada no meio do nada,

Se não for no meio de tudo.

 

Pois toda escola deveria escolher o seu lugar.

Se será no meio do nada,

Ou se será no meio de tudo.

Talvez a mescla de ambos.

No meio do nada, dificuldades acidentais.

Mas no meio de tudo, tudo confusão.

 

Então, por que no meio do nada?

Tudo no meio do nada pode assombrar.

Acessos íngremes ou pantanosos.

Professores indispostos ao nada.

No meio do nada, uma nova ou velha escola para um recomeçar.

 

Recomeçar do improvável zero,

Porque, do jeito que está,

A mesmice acabe com o esmero.

Talvez nada venha a acontecer.

Ou, se já acontecer, pode mudar.

Escola sem partido,

Doutrinação ideológica.

Escola construtivista,

A comportamentalista.

Tantos tipos de aprendizagem,

Pluralidades de ideias,

Que podem complicar meu coração.

 

Talvez tudo possa complicar meu coração,

Que veio do nada.

Mas qual será a escola boa?

Aquela que não domina o coração,

Mas deixa o indivíduo livre como o pássaro.

Bicho disposto a voar.

Disposto a aceitar, aliás, uma outra paixão.

 

Brasília, DF, em 25 de maio de 2019.

Uma escola para educar meu coração. Poema de Bomani Flávio.

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Estou na escola para ter poder.

Estou na escola para ter poder.

Estou na escola para estudar.

Quinze anos de estudo para me formar.

Trinta anos para algum poder.

 

Mas será que vou conseguir poder?

Mesmo em uma pequena parte?

A certeza, no momento, é que carrego a mochila,

Às vezes nas costas,

Para ir à escola.

Correndo ou andando,

Vou com minha fiel amiga estudar.

 

Estou na escola para estudar.

Estou na escola para ter poder.

Porque continuo estudando e não posso parar de estudar.

 

É porque me dei conta de que estou na escola para conseguir poder.

Poder difícil de alcançar,

Mas, mesmo assim, acho que meu sonho de criança vai se realizar.

 

Sei que a sociedade é dominada por poderes,

Que talvez não queira uma parte dividir.

Nem sei como me inserir nos grupos da sociedade.

Parece que ninguém quer dividir poder.

 

São tantos grupos,

Muitos ideológicos,

Dentro do próprio poder!

Talvez seja por isso que eu esteja na margem, e não no centro.

 

Há uma margem e há um centro.

O poder é o centro,

Que não é geográfico.

 

Invisível que nem o invisível das estrelas durante o dia.

A noite visível apenas para quem conhece os meandros do poder.

Poder poderoso,

Que usa máscara,

Para sobreviver.

 

Mesmo que sutil,

Usa adereço

Para se esconder.

 

A margem é o subúrbio,

De cidadãos comuns,

Tão visíveis,

Que estão invisíveis para o poder.

Estou na escola para estudar.

Estou na escola para ter poder.

O poder está no centro,

Como apregoa Martins,

Sociólogo José de Souza Martins,(*)

O resto está na margem.

 

Estou na escola para ter poder,

Que está no pensamento, bem arraigado.

O poder não tem muros.

Está no pensamento, bem arraigado,

De muitos grupos do poder.

 

Estou na escola para ter poder,

Porém acho melhor calar a minha boca,

Na esperança de um dia ter um pouquinho de poder.

 

Poder para ajudar meu País.

Unir o centro e a margem.

Muros invisíveis, se houver, para sempre destruir.

 

Brasília, DF, Brasil, 10 de fevereiro de 2018.

Estou na escola para ter poder. Poema de ‎Bomani Flávio.

 

(*) Veja mais, como fonte de inspiração, em 
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/02/10/foi-o-poder-que-desviou-lula-diz-o-sociologo-jose-de-souza-martins.htm?cmpid=copiaecola