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olho no oceano

Três olhos para amar você.

Há um olho no oceano,

Existente dentro do meu ser.

Que mira meu ser de dentro,

Não o meu ser de fora.

Se o de dentro estivesse conectado com os de fora,

Eu teria três olhos,

Para amar você.

 

Como são tão desconectados,

Assim jamais vou amar você.

Pelo menos do jeito que gosta.

 

Certo que para amar só se precisa dos dois olhos.

Às vezes um.

Outras vezes de nenhum.

Basta amar e só.

 

Mas você parece muito diferente.

Com um olho o amor aparenta insuficiente.

Com os dois da mesma forma.

Talvez com os três eu possa amar você.

 

Então estou indo bem no fundo do oceano.

Talvez eu consiga juntar os três olhos,

Conectá-los de uma forma harmoniosa,

Para finalmente amar você.

Do jeito que você gosta.

 

E se o amor não der certo com os três olhos,

Nem com dois,

Nem com um,

Saio deste oceano para conhecer o seu.

Talvez seja você quem precise dos três olhos,

Para de fato me amar.

Do jeito que eu gosto.

 

Brasília, 09 de março de 2019.

Três olhos para amar você. Poema de Bomani Flávio.

Os olhos estão no olhar.

Os olhos estão no olhar.

O olhar, pois, diz tudo.

O olhar às vezes não diz nada.

O poder de um olhar,

Se for aquele olhar,

Pode reconciliar tudo.

Pode não reconciliar nada.

Talvez porque dependa de como olhar.

 

O poder do olhar às vezes vai contra o outro poder do olhar.

E assim será porque os olhos são bons.

Os olhos são maus.

 

E são tantas as tonalidades.

Olhos castanhos ou pretos,

Verdes ou azuis.

 

Tonalidades que seduzem.

Cores que destroem.

Esses coelhos inventam mundos,

Mas também eliminam vidas.

Não importa a cor.

Tema das canções.

Enredo do cinema.

 

As peças ditam a moda.

Governam o mundo.

Mas, em muitos momentos, os olhos revelam o que são,

E a maldade não escolhe a cor.

 

Mesmo assim, como brilham diante do sol!

Duas janelas para me ajudar no mundo,

Dois diamantes para me expor ao mal.

Elogios nos lugares aonde vou.

Maldição que me levam aonde não quero ir.

 

Sem eu perceber, controlam minha vida.

Despertam as vontades adormecidas.

Levam-me aos mais altos prêmios.

Conduzem-me ao lamaçal,

Mesmo durante o dia.

 

É uma luta que parece desigual,

Pois cada decisão parece certa.

O resultado, às vezes, é muito mal.

 

Todos os dias interpreto o que vejo.

Seja para o bem.

Machuco a mim mesmo.

Machuco a quem me quer bem.

 

As vistas são a contradição da vida.

Ora, me faz um tremendo bem,

Ora me faz um tremendo mal.

Não posso, porém, arrancá-los,

Pois são dádiva da vida.

Preciso, na verdade, educá-los.

 

Os luzeiros são tela,

Do que eu penso,

Do que está no coração.

Resta-me então olhar para o sol.

Bem rapidamente.

 

Os reflexos cegam-me por instantes.

Se olhar demais,

Podem cegar para sempre.

Essa a luta dos coelhos.

 

Olhar por instantes ou olhar demais.

A mulher de Ló olhou demais.

Em pedra, porém, se transformou.

Olhar por instantes pode ser ruim,

Mas olhar demais talvez seja bem pior.

 

Brasília, DF, Brasil, em 31 de março de 2018.

Os olhos estão no olhar. Poema de ‎Bomani Flávio.