Acontece na terra dos homens.
Acontecem, muitas coisas acontecem,
Na terra dos homens.
Casa de contendas,
Que às vezes viram lendas.
Acontecem, muitas coisas acontecem,
No solo dos homens,
Onde ocorrem constantes parabéns,
Que se contrapõem ao choro
Dos muitos alguém.
Acontecem mesmo muitas coisas
Na terra dos homens.
Território que não é refém
Das mãos de ninguém.
Acontecem muitas coisas
Na terra do homens.
Como a morte e a vida.
Dois fenômenos da terra dos homens.
Quem criou a vida,
Certamente criou a morte.
Contradição de um norte.
Há outras coisas na terra dos homens.
Enquanto o ser se apega a esta terra,
Ela não se apega a ninguém.
Joga todos, no devido tempo,
Para debaixo da terra,
Porque em cima não é de ninguém.
Não é mesmo de ninguém
A terra dos homens.
Verdadeira propriedade enganosa,
Que todos, mesmo assim, quer bem.
Mas vem a morte, que diz:
Pode se fartar em comer os frutos.
Deliciosos frutos expostos para comer.
Lembre-se, a morte também quer o seu bem.
Bem certo, todo mundo é propriedade da morte,
Que parece fantasia no mundo dos bens.
Mas o ser, curiosamente, também é propriedade da vida.
Enquanto ainda vivo,
O valor vale enquanto durar.
Esta, pois, é a terra dos homens.
Onde mora a ilusão,
Mora também a contradição.
O ser, enquanto ser vivo, é propriedade da vida.
Mas também, enquanto ser vivo,
Já é propriedade da morte,
Que ainda não tem a posse.
Brasília, DF, em 25 de março de 2020.
Acontece na terra dos homens. Poema de Flávio di Fiorentina.
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