Vergonha da idade.
Caminhada da vergonha de fato é vergonha.
Mas qual será a vergonha em dizer a idade
Depois de certa idade?
Não dizer a idade parece coisa estranha.
Ou será que arranha?
Não pode haver caminhada da vergonha,
Para quem vai ganhando idade.
Abre a boca então meu ser,
Para dizer a sua idade.
Caso não fique satisfeito,
Cale a boca dos outros,
Por tamanha arbitrariedade.
Porém como vou abrir a boca,
Para dizer a idade?
A boca diz que a idade é dela.
Se cada um também tem a sua,
Por que se preocupar com a minha idade?
Abre a boca então meu ser,
Para dizer a sua idade.
Se não abrir a boca,
Como se livrará desta incômoda bagagem?
De fato é vergonhosa a caminhada da vergonha.
Mas andar nesta caminhada,
Por mentir ou esconder a idade,
É demasiadamente terrível,
Porque sempre pode vir à tona.
O que deixará o ser com cara de azeitona.
Mas dizer a idade jamais pode ser vergonha,
Para quem for ganhando idade.
Por mais que beire à zombaria,
Por que não matar a patifaria?
Onde tem longa trajetória
Tem na verdade história.
Muita história,
Verdade ou mentira, para contar.
De maneira nenhuma pode existir caminhada da vergonha
Para quem for ganhando idade.
Aproveite para contar a idade,
Porque a sete palmos da terra,
Depois da quarentena,
Talvez ninguém tenha saudade.
Brasília, DF, em 29 de abril de 2020.
Vergonha da idade. Poema de Flavio di Fiorentina
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